Abel Matos Santos demite-se da comissão executiva do CDS

O líder da fação ultraconservadora do CDS, TEM (Tendência Esperança em Movimento), afasta-se depois de terem recordados textos seus salazaristas e anti-Aristides de Sousa Mendes.
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Abel Matos Santos deixou a Comissão Executiva do CDS-PP, órgão para o qual tinha sido eleito no último congresso do partido, integrando a equipa do novo presidente, Francisco Rodrigues dos Santos (Chicão, como é conhecido dentro do CDS-PP).

A notícia foi avançada pela TSF e confirmada ao DN por fonte da direção do partido.

Em causa está a recuperação, pelo Expresso, de textos antigos de Matos Santos, onde este, além de fazer a apologia de Salazar, tratava Aristides de Sousa Mendes como "agiota de judeus".

A Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) reagiu à notícia manifestando "estupefação e surpresa" perante o teor "ofensivo" das posições manifestadas por Abel Matos Santos.

Este a seguir pediu desculpa à CIL e a direção do partido reagiu à polémica salientando isso mesmo - mas também dizendo que a notícia do Expresso, recuperando afirmações antigas de Matos Santos ("algumas com mais de dez anos"), só atuou no "firme propósito de prejudicar todo o CDS"

A direção recordou também que Matos Santos já integrava a direção do partido no tempo de Assunção Cristas - só que não fazia parte da Comissão Executiva (o núcleo mais restrito de decisão) mas apenas da Comissão Política Nacional.

A polémica levou António Pires de Lima - figura de proa no CDS-PP no tempo de Paulo Portas - a exigir ao novo presidente do CDS que retirasse a confiança política a Abel Matos Santos. Chicão não o fez - mas Matos Santos deixa agora a Comissão Executiva.

CDS não quer dúvidas sobre a sua tradição política

Em comunicado, a Comissão Executiva do CDS-PP diz que a renuncia de Abel Matos Santos não permite "que as suas afirmações passadas possam suscitar dúvidas sobre a tradição política em que o CDS, inquestionavelmente, se insere".

"O CDS é fronteira de todos os extremismos, farol dos valores da democracia cristã, do humanismo personalista e do primado da dignidade da pessoa humana. Estes valores foram reafirmados na moção vencedora do 28.º Congresso (Voltar a Acreditar), servem de guia e de limite à nossa acção política, e a todos vinculam", pode ler-se na nota enviada às redações.

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