"A verdade é que Portugal cresce apesar do governo"
O que destaca de mais positivo nestes dois anos?
A estabilidade política. A coesão entre os partidos que compõem a maioria parlamentar existe de facto. Com prejuízo para o país, o PS, PCP e BE governam Portugal numa lógica estrita de manutenção de poder, mas fazem-no indiscutivelmente juntos e com estabilidade política.
O que ficou por fazer?
As reformas estruturais que são necessárias - na administração pública, no sistema político, na Segurança Social - e que nos preparariam para momentos menos bons. O governo, agrilhoado na sua estratégia de sobrevivência, preferiu fazer uma gestão eleitoral do dia-a-dia.
Qual será o maior desafio nos dois próximos anos para o governo e o país?
O maior desafio para o governo será o de fazer a gestão das expectativas que criou. Um governo que usa a narrativa que a austeridade terminou não é compaginável com um governo que deixa os serviços públicos à míngua, falha na sua função mais básica que é a de proteção dos cidadãos e adia as soluções para um crescimento económico sustentável. O maior desafio do governo é fazer diferente do que fez nos últimos dois anos. Não tenho essa esperança.
Que oposição deve ser feita nestes próximos dois anos?
Na atual conjuntura internacional e com as bases estruturais que deixámos, seria quase um "crime" que o país não crescesse economicamente. A verdade é que Portugal cresce apesar do governo. A estratégia de crescimento que a maioria parlamentar prometeu ao país falhou e isso é inegável. Não é a devolução de rendimentos que tem guindado a procura interna e desse modo o crescimento. Tão-pouco o investimento público, que atingiu mínimos históricos. É a iniciativa privada, as exportações e o turismo que, apesar do contributo errático do governo, continuam a puxar pelo crescimento. O PSD deverá continuar a denunciar as patranhas desta maioria e a representar um Portugal que quer uma sociedade civil mais forte, mais liberta, mais interventiva.
É admissível que PSD e CDS voltem a coligar-se para enfrentar o PS e os parceiros à esquerda?
As eleições legislativas ainda vêm longe. É tempo de afirmar a nossa alternativa.