Os 27 regressam esta tarde à mesa das negociações, depois de durante a madrugada ter sido esboçada uma proposta de entendimento que impõe cortes aos subsídios do fundo pensado para minimizar os impactos da covid-19 nas economias europeias..Mas, a solução de compromisso relança as expectativas sobre um resultado positivo nesta cimeira. E, embora ainda não haja um acordo formalizado, à chegada ao quarto dia, a chanceler Alemã, Angela Merkel, manifestou-se num tom de expectativa e "felicidade".."Estou muito feliz por em maio, eu e o presidente francês, termos lançado um plano realmente substancial nesta situação extraordinária, que foi a base das decisões da Comissão, e que tornou possível chegar a acordo sobre uma parte substancial das subvenções", afirmou a chanceler..O presidente francês, Emmanuel Macron é, porém, mais cauteloso e prefere não falar ainda em acordo, pois na verdade, "ainda nada está fechado. Por isso mantenho-me extremamente prudente", frisou..Mas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen acredita que vai haver entendimento muito em breve, pois "a Europa (...) e os seus cidadãos, precisam desse acordo"."Estou mais positiva, em relação a hoje. Ainda não estamos lá. Mas as coisas estão a ir na direcção certa", afirmou, também ela com a expectativa que a ambição da sua proposta não seja desvirtuada, como defendeu o presidente francês.."Não haver hoje um encontro entre o espírito de compromisso e de ambição é correr o risco de chegarmos a uma fase mais difícil e - para alguns que estão preocupados com isso - no final custar-nos-á mais caro", avisou Macron..O projeto de acordo que está em cima da mesa prevê cortes substanciais, na proposta inicial, mas fixa a parcela do subsídios em 390 mil milhões de euros e é um encontro a meio caminho entre os frugais e a proposta apoiada por Portugal.."Essa é a resposta que precisamos para uma situação excecional. Ficou claro que as negociações foram incrivelmente difíceis. Elas vão continuar hoje. Mas situações excecionais também exigem esforços extraordinários", defendeu a chanceler Alemã..Ainda falta acertar detalhes em relação ao mecanismo que liga o cumprimento do estado de direito ao acesso aos fundos europeus e fechar a parte do modelo de fiscalização dos gastos do fundo de recuperação para a Europa..Longa maratona até de madrugada.Os trabalhos da cimeira foram suspensos, ao amanhecer, depois de uma longa maratona de negociações, divergências e até irritação e zanga que afunilou num número: 390 mil milhões de euros, que será inscrito no projeto de acordo, que vai ser posto a discussão..Se a solução de compromisso tiver o aval de todos, será esta a parcela do fundo de recuperação destinada aos subsídios a fundo perdido. Representa um corte significativo, em relação à proposta da Comissão Europeia. Mas o montante final é ainda assim relativamente superior ao que foi exigido pelo grupo dos chamados frugais..Nestas negociações, Áustria e Países Baixos acabaram isolados, depois de uma discussão mais acalorada em que o presidente francês e a chanceler alemã não esconderam a irritação, pelo sucessivo boicote a um acordo, num momento crucial para a Europa..Finlândia, Suécia e Dinamarca foram ao longo da noite mostrando uma postura de maior flexibilidade, e no final desta etapa, há uma base para um acordo..Mas, os números que estão agora em cima da mesa podem implicar cortes nos envelopes financeiros nacionais, provenientes do fundo de recuperação, e o reajuste entre as atribuições a fundo perdido e o os empréstimos..Quando em maio apresentou a estratégia para recuperar a Europa, a Presidente da Comissão Europeia destinou para Portugal um montante 15 mil e 500 milhões de euros a fundo perdido, e 10 mil e 800 milhões numa base de empréstimos voluntários. Estes valores podem vir a sofrer alterações, se o acordo que vier a ser alcançado implicar o corte nos montantes globais.