A pandemia em quatro palavras
Passa agora um ano sobre o começo da pandemia em Portugal. Tendo vindo de fora, tendo começado mesmo fora da Europa, chegou à Europa e depois a Portugal. Quatro palavras muito breves nesta solicitação que me foi dirigida por um conjunto de órgãos de comunicação social que aceitei por uma razão muito simples. Porque um deles é o Jornal de Notícias que cobre a região norte e centro-norte do continente e foi aí que começou, precisamente, a pandemia. Há, portanto, uma razão que é uma razão justificativa forte para a escolha deste órgão de comunicação social e do grupo em que se integra.
As quatro palavras são simples. A primeira é memória, não nos vamos esquecer, não podemos esquecer, nem iremos esquecer o que se passou e o que se viveu ao logo deste ano. A segunda é gratidão, gratidão a todos os portugueses, gratidão ao pessoal de saúde, gratidão a todos os que o ajudaram a salvar vidas e saúde e continuam a ajudar, porque não é uma tarefa terminada. A terceira palavra é mobilização, estamos mobilizados, continuamos mobilizados e vamos ficar mobilizados porque o processo está longe do fim. É evidente que comparado com o tempo decorrido aquilo que vivemos é mais longo do que aquilo que esperamos viver, mas estamos em pleno processo pandémico. A quarta palavra é aprender a lição daquilo que correu bem, da dedicação, da coragem, da determinação, da solidariedade, da persistência dos portugueses desde logo no confinamento, que teve de se repetir por circunstâncias adversas, mas também aquilo que correu menos bem. Aquilo que correu de forma aquém das expectativas, por razões involuntárias porque era impossível prever ou por alguma responsabilidade, porque era possível prever e projetar, e isso não aconteceu.
Serve de lição para o futuro, esperando nós não termos outras pandemia como esta, em torno da qual houve uma unidade nacional, e continua em larga medida o essencial dessa unidade, e deve continuar até ao termo do processo pandémico. Nesse sentido, eu agradeço através desta mensagem a todos os portugueses, que cá dentro e lá fora, porque lá fora também sofreram com a pandemia, e sofreram onde estavam a viver, e sofreram pensando no seu Portugal, território físico, englobando todos naquilo que é uma mensagem fundamentalmente de esperança. Esperança e confiança no futuro de Portugal.
Depoimento do Presidente da República
para o especial "Um ano de covid-19 em Portugal"