Richard Zimler conta como foi perseguido na Feira do Livro
Em Maio de 2006, o meu romance "Goa ou o guardião da aurora" saiu. Logo a seguir, fui convidado por um dos telejornais para falar do livro. Foi na véspera da minha primeira sessão na Feira do Livro de Lisboa. Muita gente viu o programa e apareceu no dia seguinte para obter o meu autógrafo. Daí, tinha uma fila longa quase toda a tarde. Fiquei grato, claro. Mas num determinado momento, uma senhora já de uma certa idade, pequena, desmazelada, pôs-se atras de mim, a uma distância de 10 metros, e começou a gritar numa voz áspera e vingativa: "Zimler não é judeu, é Nazi! Zimler não é judeu, é Nazi!" Fiquei chocado e preocupado, pois ficou claro que não regulava bem. Vi-me obrigado a virar para ela constantemente para ter a certeza que não me ia atacar. Sempre que olhava para ela começava a subir o volume dos seus gritos. Foi horrível. E ninguém me ajudou. A polícia nunca apareceu. Passados 20 minutos, foi se embora. Mais tarde, soube que escolheu o Saramago como a sua próxima vítima.
O livro que eu queria encontrar na Feira: Minha Antonia de Willa Cather