"A Igreja não muda"

O cardeal Saraiva Martins é um dos portugueses que viaja com o Papa. Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos, diz que não se deve explicar Fátima
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O que espera encontrar em Fátima?

Espero uma multidão imensa. Há sempre muita gente no 13 de maio mas este ano além da visita do Papa Francisco há o centenário.

A deslocação faz parte das suas funções em Roma ou foi convidado?

Fui convidado pelo próprio Papa.

Por ser português?

Também, mas aqui ser português, francês ou russo não importa. Estamos todos ao serviço do Papa, temos uma vida muito intensa, é um outro mundo.

Quantos papas acompanhou?

É a segunda vez. A primeira foi com João Paulo II para a beatificação dos pastorinhos [13 de maio de 2000].

Há quanto tempo não vai a Fátima?

Vou todos os anos nas férias. Passo férias em Lisboa e vou sempre visitar a Nossa Senhora de Fátima.

Nota muitas diferenças em relação aos anteriores dois papas que conheceu?

Este é uma pessoa muito afável, muito perto da comunidade, é o Papa que se espera para os dias de hoje.

Está a mudar a Igreja?

Não. A Igreja não muda, mudará o método, mudará o modo de falar, mas os papas completam-se mutuamente, cada um no seu estilo, o que é inevitável.

Qual é o estilo que gosta mais?

Gosto de todos.

Mas quando se fala no Papa Francisco fala-se numa prática mais próxima do evangelho.

Não. A Igreja sempre pregou, anunciou e praticou o evangelho, o resto é adaptar a mensagem ao tempo em que se vive. Este tem outra forma de ser, mas não quer dizer que não se tenha feito o que defende. Mesmo o tema da misericórdia, a Igreja ao longo dos séculos que apela à misericórdia pelo outro. Pode mudar a forma, a linguagem, mas o conteúdo da mensagem não muda.

Não devemos esperar grandes mudanças?

Não, não esperem mudanças. Poderá haver formas ver as coisas mas não haverá uma renovação profunda.

Seria desejável?

Não, as grandes mudanças foram no Concílio Vaticano II, agora, há modos diferentes de funcionar, mas não haverá uma mudança de raiz

Esteve no Consistório de 20 de abril quando foi tomada a decisão sobre as canonizações dos pastorinhos. Houve contestação?

Em primeiro lugar, não podemos dizer o que se diz lá dentro. Mas estes assuntos são muito bem preparados, com muita documentação e anos de estudo. Quando chegamos ao momento de decidir já tudo foi discutido.

O Papa Francisco fez-lhe perguntas sobre Fátima?

Não, não é preciso, recebu a documentação toda, Ele é muito devoto de Fátima.

É essencialmente Mariano.

Também é devoto de Fátima. Um ano depois de ser eleito veio cá [a Roma] a imagem de Nossa Senhora de Fátima, agora ele está a retribuir a visita.

Acredita que irá apenas como peregrino?

Vai a Fátima em oração, mas o aspeto político está sempre presente. Vai encontrar-se com o Presidente da República com o Primeiro-Ministro, isso é política.

O que espera que ele dirá?

Penso que irá sublinhar a mensagem de Fátima, na luta pela paz, irá reforçar essa necessidade e, também, para a renovação da fé.

No Vaticano

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