Recentemente, ouvimos as afirmações de congratulação do primeiro-ministro, António Costa, em relação ao défice de 0,5%, obtido no ano de 2018, referindo-se a "um resultado histórico e virtuoso". Ora, em matéria de défice o PS já havia deixado a sua marca histórica em 2011 quando o défice ficou acima dos 11%..Curiosamente, há um outro valor que vai também ficar marcado na história do PS: a percentagem de 35,4% correspondente à carga fiscal aplicada no último ano, representando o valor mais alto desde que há registos..A relação entre estes dois valores é, infelizmente, o espelho do nosso país ao longo desta legislatura: enquanto o governo se rege por uma estratégia populista, só se preocupando com os ganhos de curto prazo, vamos assistindo a uma aniquilação da classe média com uma elevada carga fiscal que não se traduz numa melhoria de vida dos portugueses em geral..Os impostos indiretos nunca foram tão elevados como atualmente, seja no caso gritante dos combustíveis seja na luz e no gás, em que mais de metade do valor das faturas destes serviços são receitas para o Estado. A estes acrescem os elevados valores de contribuições sociais e IRS exigidas aos trabalhadores, que veem valores astronómicos retidos do seu salário todos os meses. Recorde-se que os simpáticos valores dos reembolsos de IRS que serão pagos aos portugueses nos próximos meses resultam da opção do governo de, no ano passado, não ter corrigido corretamente as taxas de retenção na fonte, o que levou a que o Estado durante 2018 se governasse com o dinheiro dos contribuintes que "devolve" com um ano de atraso..A fadiga fiscal vai dificultando a vida das empresas e afetando o rendimento disponível das famílias..Surpreendentemente, apesar desta carga fiscal em níveis máximos, não há memória de os serviços públicos estarem em tão más condições, como todos sabemos e assistimos diariamente. Nos hospitais, seja nas listas de espera de consultas e cirurgias seja na falta de medicamentos. Nas escolas, com a falta de pessoal ou até de papel. Nas longas filas de serviços públicos, como exemplifica a demora inaceitável em pedidos de cartão de cidadão ou de passaporte..A contestação social, em diversos setores, desde os professores até aos profissionais de saúde, são o exemplo inacabado da ineficiência com que o Estado gere o dinheiro dos contribuintes..Não deixa de ser confrangedor assistir aos festejos do governo por ter atingido a meta do défice, esquecendo-se de que o fez à custa de todos os portugueses e por via do aumento da carga fiscal para níveis nunca antes vistos..Presidente da JSD