A diabolização do privado e a falta de novos hospitais
Dois erros graves em matéria de Saúde têm afetado bastante o combate à pandemia - a diabolização do privado e a falta de novos hospitais.
Se as insuficiências do Serviço Nacional de Saúde são notórias - O DN falava já, há dias, em linha vermelha - não se pode, de forma alguma, ostracizar o privado, como se não fosse um serviço válido.
Público e privado deverão dar as mãos, para que os portugueses tenham melhores cuidados de saúde. E, que me perdoe o Bloco de Esquerda, nada tenho contra as parcerias, nem mesmo contra a gestão privada dos hospitais. Como dizia Montesquieu, o melhor Estado possível, é o menor Estado possível.
A questão só não se colocaria se o SNS, uma das maiores conquistas de Abril, - que não pretendo, de forma alguma, pôr em causa - desse resposta cabal a todas as exigências sanitárias. E mesmo assim não vejo em nome de quê se possa vedar ao privado o acesso à Saúde. A este propósito, o presidente do PS, Carlos César, respondendo ao BE, disse, há tempos, que não defendia a sovietização do país.
O desempenho dos profissionais de Saúde, médicos e enfermeiros, cuja competência e dedicação não são por de mais enaltecer, é tão bom no público, como no privado. E, às vezes, neste último, têm até melhores condições de trabalho. Seis mil cirurgias passaram já para o privado, o que poderá indiciar que estamos no bom caminho.
A situação algo dramática em que vivem os hospitais, alguns deles quase esgotados e à beira da ruptura, só é explicável pela falta de novas unidades hospitalares. Como já disse no DN, em artigo anterior, tenho dificuldade em compreender, por que não se constroem hospitais públicos no nosso país. Dou só um exemplo: o de proximidade em Sintra, que visava descongestionar o tão carente Amadora-Sintra, nunca passou do papel, bem como tantos outros!
Se me permitem a expressão, em matéria de Saúde, estamos, de certo modo, a caçar leões com fisga. Não se pode prejudicar os portugueses só porque nos deu na real gana não construir hospitais ou considerar que os privados são leprosos!
O novo confinamento geral que aí vem é medida muito severa e compreendo que alguns refiram o seu alcance discutível, pese o nosso Presidente dizer que não há alternativa. No dilema Economia ou Saúde, esta última tem saído sempre por cima. Mas, por este andar, com tanta gente a perder o emprego, se não se morre do vírus, morre-se de fome! E, sinceramente, não sei bem qual dos dois fins é o mais inglório.