Marcelo: "Não há alternativa a um confinamento geral"

O posicionamento face ao Chega dividiu Ana Gomes e Marcelo, a alusão a Ricardo Salgado deixou o recandidato agastado e a dizer que "não vale tudo em política".
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Marcelo afirmou na noite deste sábado que "não há alternativa a um confinamento geral" no país, afastando a ideia de um confinamento só para os grupos de risco, "uma ideia que não tem dado em nenhum sítio da Europa. A Europa toda está a reconfinar globalmente mais do que Portugal e há mais tempo do que Portugal".

No debate com Ana Gomes para as presidenciais, na RTP, e questionado sobre o atual número de contágios, o atual Presidente e recandidato assumiu "responsabilidade máxima" pela situação. "Assumo essa responsabilidade sem problema nenhum, por mim, pelo Governo e por todos os que intervieram", disse Marcelo, mas sublinhando que todos os partidos se pronunciaram no sentido de um aliviar de medidas no período natalício e "alguns num sentido mais permissivo, era a onda existente" - "Na altura falei de um pacto de confiança com os portugueses. Mas o pacto de confiança não funcionou. É um facto".

Foi um frente a frente a sublinhar os contrastes entre os dois candidatos e foi um dos temas caros a Ana Gomes - os mega-processos e o combate à corrupção - que azedou o tom da discussão. "Sei que o senhor professor, até pela sua relação com Ricardo Salgado, é dos primeiros a ter interesse em que o caso seja apurado. E sete anos depois, o julgamento ainda nem sequer começou", atirou Ana Gomes, no que era uma crítica mais geral aos mega processos que se arrastam na justiça. "Não vale tudo em política", respondeu, visivelmente agastado, Marcelo Rebelo de Sousa - "Não sei se percebeu o quão ofensivo foi aquilo que disse".

"Tenho o mesmo interesse que todos os portugueses em relação ao esclarecimento, não tenho interesses especiais nenhuns", retorquiu Marcelo.

Outro tema que dividiu claramente Ana Gomes e Marcelo foi o Chega. A antiga embaixadora voltou a defender a ilegalização do partido, legalizado no Tribunal Constitucional com "assinaturas falsas" e com um programa "claramente anticonstitucional". Por que razão não apresentou queixa junto do Ministério Público e só o diz agora como candidata, perguntou repetidamente Marcelo, manifestando-se contra a ilegalização. "Ganha-se no debate de ideias, não proibindo, isso é vitimizá-los", atirou Marcelo, em resposta às críticas de Ana Gomes de que devia ter chamado a formar Governo o partido mais votado nos Açores.

Tratando sempre a oponente por "senhora embaixadora" - e depois de um elogio inicial ao papel de Ana Gomes na independência de Timor Leste - Marcelo aproveitou o tema das relações entre Belém e São Bento para evocar declarações feitas há meses pela agora candidata, elogiando então a cooperação entre Governo e Presidência -"Senhora embaixadora tem que estabilizar a sua opinião sobre o Presidente da República".

Logo a abrir o debate Ana Gomes - que se referiu sempre a Marcelo como "professor" - acusou o atual Presidente da República de ter cometido "um erro" ao esperar pelo fim do prazo para marcar as eleições presidenciais, atrasando assim as medidas que poderiam ser tomadas em alternativa ao voto presencial. Uma acusação rebatida por Marcelo, que invocou a Constituição para afirmar que "só havia duas datas possíveis, a 17 ou 24" de janeiro e que diz ter esperado pelo final do prazo porque estava à espera da lei sobre o isolamento profilático (publicada em novembro) e para ver "qual era a posição dos partidos sobre um eventual adiamento das eleições presidenciais, que na altura era possível".

Questionado sobre a possibilidade de voto não presencial de idosos residentes em lares, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou, como já tinha dito em entrevista ao DN/TSF, que esse é um cenário "possível", especificando três métodos para que isso aconteça, um dos quais através do decreto presidencial sobre a renovação do estado de emergência.

Terça-feira, 12 de janeiro
Debate com todos os candidatos | RTP, 22:00

Na última semana da campanha eleitoral volta a haver uma série de debates realizados no Porto Canal, nos quais Vitorino Silva - que tinha ficado inicialmente fora dos frente-a-frente televisivos (sendo posteriormente incluído apenas pela RTP) - enfrenta os restantes candidatos. As horas ainda estão por anunciar.

Domingo, 17 de janeiro
Vitorino Silva - Marisa Matias | Porto Canal

Segunda-feira, 18 de janeiro
Vitorino Silva - André Ventura | Porto Canal

Quarta-feira, 20 de janeiro
Vitorino Silva - Marcelo Rebelo de Sousa | Porto Canal

Quarta-feira, 21 de janeiro
Vitorino Silva - Ana Gomes | Porto Canal

Quinta-feira, 22 de janeiro
Vitorino Silva - Tiago Mayan | Porto Canal

Para dia 18 está ainda previsto o debate conjunto das rádios - TSF, Rádio Renascença e Antena 1.

Para dia 18 está previsto o debate conjunto das rádios - TSF, Rádio Renascença e Antena 1.

Diário de Notícias
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