A ambição funciona e faz falta a Portugal
Em Portugal, quando se fala de ambição, parece delito ou pecado. Como se fosse estranho ambicionarmos ver o nosso país entre os mais evoluídos da Europa. Como se fosse insólito ambicionar que os portugueses sejam mais prósperos e menos dependentes do Estado.
Na Iniciativa Liberal, não diabolizamos esta palavra. Pelo contrário, temos a legítima ambição de que Portugal inverta o ciclo de estagnação e deixe de figurar no fundo das estatísticas europeias na produção e distribuição de riqueza. Há que pôr fim a este tabu. Ambição é virtude e não defeito. Quando o que está em causa é desejarmos que as novas gerações sintam vontade de permanecer em vez de emigrar. Porque só noutros países encontram a vida digna que na terra natal lhes é negada.
Não podemos resignar-nos. Temos a ambição de devolver aos portugueses o ciclo de prosperidade que nos foge há quase um quarto de século, apesar da injecção de fundos europeus, aliás a mais elevada de sempre. Fundos, esses, que não são aproveitados nas reformas estruturais de que Portugal tanto precisa.
Um novo ano político começa com os bloqueios que se tornam norma. Escolas encerradas, alunos sem professores, pais sempre angustiados por pressentirem que os filhos se preparam para ter outro ano lectivo sem real aproveitamento em matéria de aprendizagem. Urgências hospitalares fechadas, consultas e cirurgias eternamente adiadas enquanto o ministro da Saúde se multiplica em inúteis sessões de propaganda televisiva. Justiça paralisada com uma interminável greve de funcionários que a ministra da tutela teima em não solucionar enquanto os processos se amontoam, talvez na esperança de que muitos se extingam por prescrição. Uma crise gravíssima no sector da habitação a que o Governo responde com perseguição a proprietários de imóveis e guerra declarada ao Alojamento Local, enquanto a Esquerda mais radical, sempre proibicionista, faz apelos xenófobos para que mais nenhuma casa seja vendida a cidadãos estrangeiros.
Perante a incompetente governação socialista, como contrapor com a ambição para que Portugal possa romper este quadro que condena a classe média à proletarização e equipara o salário médio ao salário mínimo?
A Iniciativa Liberal tem dado contributos sérios para inverter o rumo. Com propostas corajosas. Para a habitação, com o programa Habitação Agora. Que tem a ambição de incentivar a construção e o arrendamento para aumentar a oferta. Eliminando o IMT na compra de habitação própria permanente, baixando a taxa de IRS para efeitos de arrendamento e reduzindo o IVA da construção imobiliária de 23% para 6%.
Também na Saúde, com o plano Sua Saúde. Que tem a ambição de adoptar em Portugal as melhores práticas a nível europeu. Permitindo a liberdade de escolha do prestador clínico, aumentar a capacidade de oferta, eliminar listas de espera e pôr o utente no centro dos serviços.
E na fiscalidade, baixando e simplificando, permitindo mais salário líquido e capacidade de investimento. Isto é ser ambicioso? Sim. Temos esta ambição. De ver compatriotas com salários dignos e serviços a funcionar. De pôr Portugal a convergir com a média europeia. De haver um Governo que deixe de enganar os eleitores com promessas que é incapaz de cumprir. É o que acontece há oito anos.
Escrevo este texto no Canadá, onde tenho ouvido vários portugueses que escolheram viver aqui. Celebra-se agora o 70.º aniversário da chegada da primeira vaga de emigração portuguesa rumo a este país. Todos quantos decidiram partir, para esse mundo fora, tinham a ambição de mudar de vida, para melhor. Porque não haveremos de ser também ambiciosos no nosso país?
Nós, na IL, temos a ambição de mudar Portugal. E vamos conseguir.
Líder parlamentar da Iniciativa Liberal
Escreve de acordo com a antiga ortografia