A alquimia que torna os materiais ainda mais preciosos

A 'designer' de jóias Maria João Bahia é uma das mais conceituadas criadoras portuguesas no sector. Os Globos de Ouro são invenção sua.
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A marca Maria João Bahia tem feito um percurso de ouro. E também de prata, pérolas, pedras e diversos materiais preciosos. A designer de jóias começou por abrir o negócio num andar na Rua da Madalena em Lisboa, após ter feito diversos cursos sobre como trabalhar estes materiais um pouco por todo o mundo. Já a sua marca de luxo (ou de "gosto", como prefere chamar) assentou arrais, há cerca de oito anos, na rua das grandes lojas: a Avenida da Liberdade.

A Avenida é tão importante para Maria João Bahia que recentemente fundou e tornou-se presidente da Associação Passeio Público, que pretende dinamizar aquela que é a principal artéria da cidade. No fundo, a Avenida da Liberdade é mais uma pérola que a designer quer tornar mais bonita.

É esse o seu trabalho: pegar em materiais preciosos e torná-los peças únicas. Desde que arrancou com a marca há 26 anos, Maria João Bahia tem coleccionado prestígio. Apesar de fazer sucesso com jóias - como brincos, pulseiras ou anéis -, a criadora produz também diversos outros objectos, nos quais se incluem diversos troféus. Os conhecidos Globos de Ouro da SIC são da autoria da designer, que foi também quem criou a prenda oferecida pela patriarcado de Lisboa ao Papa Bento XVI na última visita do Sumo Pontífice a Portugal: um relicário de S. Vicente. A sua versatilidade faz com que também já tenha criado uma "manta de cavalo do século XVII" e até - aquele que se relevou um grande desafio - "uma peça para uma auto-estrada".

Como factor que justifique o sucesso, Maria João Bahia aponta "a dedicação dada a cada peça". "Nunca quis criar uma estrutura de joalharia industrial. Só vendo jóias de autor. É certo que por vezes crio peças repetidas, mas nunca massifico", garante.

Maria João Bahia faz ainda questão de que todas as peças com a sua marca passem por si, embora tenha "oficiais" (outros joalheiros) que a ajudam na concepção dos produtos. Outra certeza é que tudo o que produz é "made in Portugal", o que é garantido, precisamente, por não ter "industrializado" os seus processos de produção.

Grande parte dos clientes de Maria João Bahia são, como a própria explica, "privados". Ainda que a os portugueses sejam maioritários, a designer explica que tem "clientes espalhados um pouco por todo o mundo, desde os EUA à China". Para isso também terão contribuído, certamente, as várias exposições que tem feito. Paris, Madrid, Pequim, Nova Iorque, Copenhaga ou Rio de Janeiro são algumas das cidades em que Maria João Bahia já apresentou mostras das suas jóias.

O ouro e a prata são os materiais que trabalha com mais frequência embora não tenha complexos em utilizar materiais "menos nobres" como a madeira ou outros mais exóticos como "pérolas, safiras ou topázios".

Outro motivo que a criadora considera fundamental para o sucesso da marca é a "fidelização dos clientes". Talvez seja por isso que a crise não a preocupe. "Há momentos que não podem ser ignorados e que podem ser marcados com uma jóia, independentemente da crise. Além disso, o investimento numa jóia é sempre melhor que numa casa ou num carro, que desvaloriza imenso", lembra.

A subida do preço do ouro nos últimos anos não afectou a sua actividade. "Não actualizo os preços conforme a matéria-prima sobe ou desce. Dou-hes um preço quando acabo de criar a peça e é esse que fica", garante. Apesar de não adiantar o valor da peça mais cara que vendeu, Maria João Bahia sabe o preço da mais barata que está disponível na loja: uma cruz com pérolas de oito euros. A designer de jóias recusa-se a dizer que as suas peças se dirigem a uma "classe alta", preferindo afirmar que são concebidas para "uma classe com bom gosto". E acrescenta: "O bom gosto não escolhe classes."

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