Mais 35 mortes, casos sobem 1,7%. Portugal testa mais que Alemanha e Noruega
Morreram mais 35 pessoas, no último dia, em Portugal com covid-19 (mais 4,4%), o que faz com que já tenham sido declarados 820 óbitos no país, desde o início da pandemia. Registaram-se também mais 371 casos de infeção pelo novo coronavírus (um crescimento de 1,7% face a ontem), que somando aos anteriores contabilizam um total de 22 353. Recuperaram 1201 doentes (mais 58 que ontem), segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta quinta-feira (23 de abril).
Já durante a habitual conferência de imprensa, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou que Portugal já ultrapassou a barreira dos 300 mil testes. Sublinhando que, neste momento, o país testa 27 905 pessoas por milhão de habitantes, número, proporcionalmente, "superior aos que fazem países como a Noruega, Suíça, Itália e Alemanha", afirmou.
Em Portugal, estão internadas 1095 pessoas (menos 51 que esta quarta-feira), destas 204 encontram-se nos cuidados intensivos (menos três). O que significa que estão a ser tratadas em casa 86,1% dos doentes. Aguardam resultados laboratoriais 4048 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 30 mil.
A taxa de letalidade geral do país é hoje de 3,7%, sendo de 13,3% nas pessoas acima dos 70 anos - as principais vitimas mortais. Em lares, ocorreram até agora, 327 óbitos, indicou a diretora-geral da Saúde em conferencia de imprensa, esta quinta-feira.
"Nos lares ocorreram 327 óbitos, sendo que a distribuição pelo pais é de 180 na região norte, 106 no centro, 39 na zona de Lisboa e Vale do Tejo, um caso no Alentejo e outro no Algarve", disse Graça Freitas na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia em Portugal.
Segundo a diretora-geral da Saúde, a percentagem de casos de covid-19 na população mais idosa que vive em lares "é relativamente pequena", lembrando, contudo, que esses espaços têm uma grande concentração de pessoas e que é fácil a propagação da doença, mesmo tomando as devidas precauções e as medidas de saúde já anunciadas.
"Obviamente que os lares são sítios de preocupação porque têm uma concentração de pessoas vulneráveis, uma população muito idosa e doente", afirmou Graça Freitas. Contudo, e apesar das preocupações com estes espaços, Graça Freitas afirmou que estar num lar "não é uma fatalidade" e sublinhou que "a grande maioria das pessoas que adoeceram nos lares estão bem e recuperadas".
O número de mortes é idêntico entre homens (406) e mulheres (414). Sendo que a maioria dos infetados (59,1%) são do sexo feminino.
Entre os 35 óbitos registados nas últimas 24 horas, 23 diziam respeito a pessoas com mais de 80 anos e continua a não existir nenhuma vitima com menos de 40 anos. A nível da localidade de residência mantém-se a tendência: no Norte morreram 21 pessoas no último dia (de um total de 475 mortes desde o inicio do surto), quatro óbitos ocorreram na região centro, oito em Lisboa e Vale do Tejo e duas nos Açores.
No total, há agora 475 vitimas mortais na região do Norte (que tem 13382 casos confirmados), 179 no centro (3084 infetados), 146 em Lisboa e Vale do Tejo (5194), 11 no Algarve (318), 8 nos Açores (109), um no Alentejo (181). A Madeira é a única região do país que não regista mortes, tem 85 casos, tal como ontem.
Lisboa (1266 - mais 97 que ontem), Vila Nova de Gaia (1161 - mais 95) e Porto (1099 - menos três) respetivamente continuam a ser os únicos municípios com mais de mil casos, de acordo com os dados da plataforma Sinave, que integra informação sobre 83% dos casos confirmados.
No boletim da DGS é ainda possível ver que a maioria dos infetados (51%) apresenta tosse como sintoma. 36% têm febre e 27% dores musculares.
Durante a conferência de imprensa, questionada sobre o uso de máscaras cada vez mais generalizado, embora estas estejam recomendadas apenas para espaços públicos fechados, Graça Freitas indicou que à DGS cabe apenas fazer as normas, se as pessoas quiserem usar podem fazê-lo, desde que não comprometam as outras normas de higiene e de distanciamento social.
Acrescentando, mais tarde, o exemplo da Assembleia da República e já a pensar nas comemorações do 25 de Abril, onde não será preciso usar máscaras, porque "é um edifício grande", que permite a distância entre quem lá está. "Existem circuitos de entrada, de saída e as pessoas não se cruzam necessariamente. Eu creio que os serviços da Assembleia da República são completamente autónomos nessa decisão e têm um plano de contingência excelente".
"Vamos continuar com este vírus muito mais tempo, não podemos apenas fazer a aposta numa medida e descontrair nas outras", disse a Diretora-Geral da Saúde. "Não são as máscaras que nos vão salvar".
Ainda durante a conferência de imprensa, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, informou que, em Portugal, estão a ser testadas 27 905 pessoas por milhão de habitantes, números "superiores aos que fazem países como a Noruega, Suíça, Itália e Alemanha", afirmou. Ou seja, Portugal já ultrapassou a barreira dos 300 mil testes de despiste da covid-19 realizados. 49% foram realizados no Serviço Nacional de Saúde, 45% no privado e 6% noutros sítios como "instituições académicas e militares".
Enquanto consultas e cirurgias não urgentes permanecem adiadas (embora já haja hospitais a pensarem como retomar a atividade programada), as teleconsultas aumentam. No primeiro trimestre de 2020, as consultas por videochamada cresceram 26,9%, segundo o secretário de estado da Saúde.
"Sabemos que há variação homóloga, do primeiro trimestre de 2020 para 2019, nos cuidados primários de saúde, de cerca de menos 6,6% de consultas, mas em relação a consultas não presenciais tivemos um aumento de 26,9%. O que significa que novas ferramentas, nomeadamente digitais, de consultas à distância e através do telefone, conseguem de facto fazer o acompanhamento de muitos destes doentes", explicou António Lacerda Sales. Relembrando que toda a atividade urgente mantém-se a funcionar.
Desde que o novo coronavírus foi descoberto na China no final do ano passado, morreram 185 059 pessoas em todo o mundo por causa desta doença, segundo dados oficiais, atualizados às 10:01 desta quinta-feira. De um total de 2 653 808 infetados, 727 844 recuperaram e são dados como curados.
Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (849 092) e de mortes (47 681). Seguidos de Espanha, a segunda nação com mais infetados e a terceira com mais vitimas mortais, número que voltou a aumentar nas últimas 24 horas: mais 440 óbitos, segundo informações do ministério da Saúde espanhol. O país tem agora 22 157 vitimas mortais e um total de 213 024 casos, o que motivou uma comparação entre Portugal e Espanha por parte de Pablo Casado, líder do PP.
Itália é o terceiro país com mais casos (187 327) e o segundo com mais óbitos (25 085). Seguem-se a França, a Alemanha e o Reino Unido, todos com mais de cem mil casos. Portugal surge em 16.º lugar nesta tabela.
A China - onde o surto começou - é, neste momento, o nono país com mais casos. Tem 82 798 infetados e 4 632 mortes. Sendo que há cerca de uma semana que não não regista qualquer vitimas mortal, embora continue a notificar novos casos (dez nas últimas 24 horas, seis com ligações a outros países). O país vai agora doar 30 milhões de dólares à Organização Mundial de Saúde para serem aplicados na luta contra a pandemia, anunciou esta quinta-feira de manhã o ministro dos negócios estrangeiros chinês.
Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.
Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre superior a 38º, tosse persistente, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pedem que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou para a unidade de cuidados primários mais próxima.