Melpomeni Dina não era muito mais velha do que Sarah Yanai e Yossi Mor, os dois irmãos judeus que protegeu e ajudou a fugir durante a ocupação nazi da Grécia, entre 1941 e 1944..Adolescente ainda, Melpomeni e a irmã decidiram esconder toda a família de Sarah e Yossi (eram seis ao todo, os Mordechai) para evitar que fossem deportados para os campos de extermínio, como aconteceu a cerca de 80 mil judeus gregos durante a ocupação nazi do país..Afrontando os ocupantes e correndo riscos que lhes poderiam ter custado a vida, as irmãs Melpomeni esconderam os Mordechai numa mesquita próxima, na cidade onde viviam, mas a partir de certa altura tiveram de os acolher na própria casa porque se tornara demasiado arriscado fazer-lhes chegar alimentos diariamente..A situação tornou-se insustentável depois de uma das crianças dos Mordechai ter ficado muito doente. Melpomeni Dina e a sua irmã levaram-no ao hospital, mas o menino acabou por falecer. Na iminência de poderem ser descobertos pelos nazis, as irmãs Dina ajudaram a família judia a fugir, cada um para um local diferente, para terem mais probabilidades de escapar. Os Mordechai só voltaram a reunir-se depois da guerra..Agora, mais de sete décadas passadas sem terem voltado a ver-se, dois dos irmãos reencontraram-se com Melponi, no que foi uma reunião muito emotiva e na qual fizeram questão de ter os filhos e netos presentes.."Não há palavras para exprimir este sentimento", disse Sarah Yanai, citada na BBC News on line. "É uma emoção estarmos de novo juntos. Escondeu-nos na sua casa. Seis pessoas... não se imagina como era perigoso para ela, manter-nos todos. Salvaram-nos a vida"..Melponi Dina, hoje com 92 anos e reconhecida em 1994 pelo Museu do Holocausto como um dos Justos Entre as Nações - título dado a quem ajudou a salvar judeus durante a perseguição nazi -, disse por seu turno estar muito emocionada por reencontrar os dois irmãos..Um total de 27 mil pessoas foram reconhecidas pelo Museu do Holocausto, em Jerusalém, como Justos Entre as Nações, e 355 são gregas..Quatro portugueses fazem também parte dos Justos Entre as Nações: o cônsul português em Bordéus na época, Aristides Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido, que foi embaixador na Hungria entre 1939 e 1944, e hospedou dezenas de judeus na sua casa, o padre Joaquim Carreira, que em 1943-44 deu abrigo a dezenas de pessoas em fuga da perseguição fascista quando era reitor do Colégio Pontifício Português de Roma, e José Brito-Mendes, que vivia em França, casado com a francesa Marie-Louise Brito-Mendes - juntos acolheram uma menina judia cujos pais foram mortos.