50 anos de Dia Mundial do Ambiente: o que mudou?
O Dia Mundial do Ambiente celebra-se este domingo pelo 50.º ano consecutivo. A marca redonda serve como alerta para o facto de que, apesar de ser um tema cada vez mais presente nas agendas políticas mundiais, o clima e o futuro do planeta são preocupações com algumas décadas mas com poucos avanços.
Tal como há 50 anos, a Suécia é o país anfitrião do Dia Mundial do Ambiente, com o mote "Uma só Terra". Com transmissão online, o evento irá alertar para a necessidade de um estilo de vida sustentável em harmonia com a natureza.
Segundo o responsável pela comunicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Atif Ikram Butt, "o Dia Mundial do Ambiente oferece uma plataforma para a ação coletiva" e "ajuda a amplificar vozes e fortalecer a ação dos participantes, para terem um papel na mudança". Desde a conferência de Estocolmo até à COP26, têm sido várias as cimeiras e os encontros com o foco no clima ao longo deste meio século.
O primeiro encontro focado no ambiente e no clima aconteceu em Estocolmo, e foi nesse contexto que surgiu a ideia de criar um Dia Mundial do Ambiente perante o aumento das preocupações relacionadas com o impacto da vida humana na Terra.
Dois anos depois, em 1974, acontecia a primeira cerimónia desta data, ajudando a discutir e a debater os problemas relacionados com o planeta e os perigos que enfrenta. A data é também tida como importante na mudança de paradigma em termos de pensamento, impulsionando mudanças e ajudando nos consensos ambientais globais alcançados desde então. Desde 1974, o Dia Mundial do Ambiente é celebrado anualmente a 5 de junho.
Depois de uma série de conferências relacionadas com o ambiente (a primeira das quais realizada em 1988, no Canadá), 192 Estados ratificaram aquele que é tido como o primeiro tratado internacional com uma política mais rígida para a redução da emissão de gases que causem efeito de estufa: o Protocolo de Quioto.
Assinado em 1997, este acordo obrigava o conjunto de países desenvolvidos e industrializados a reduzir em 5,2% as emissões de gases poluentes em relação à década de 90. O acordo entrou em vigor em 2005, mas nem todos os países industrializados ratificaram o documento, como o caso dos Estados Unidos. As medidas do Protocolo de Quioto foram prolongadas em 2012, mas o acordo foi substituído três anos depois pelo Acordo de Paris.
Numa altura de crescente preocupação com a sustentabilidade do planeta, em 2015 195 países ratificaram - incluindo todos os Estados-membros da União Europeia - um novo acordo, mais restritivo, o Acordo de Paris.
Se antes a meta estabelecida no Protocolo de Quioto era a redução de 5,2% de gases poluentes, a partir de 2015 o paradigma mudou. Ao assinar o Acordo de Paris, foi estabelecido um compromisso internacional para alcançar a descarbonização das economias mundiais, ao mesmo tempo que estabeleceu, como objetivo principal, limitar o aumento da temperatura média global abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Foi já durante a pandemia de covid-19 que a Organização das Nações Unidas (ONU) levou a cabo a Cimeira sobre Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia.
Durante um mês, quase 200 países e grupos ambientalistas discutiram e expuseram preocupações sobre o futuro do planeta Terra devido às alterações climáticas.
Já na reta final da conferência, os países assinaram um compromisso internacional que reforçava a necessidade de reduzir rapidamente as emissões de carbono, pretendendo chegar aos 45% de redução até 2030, sendo que em 2050 as emissões devem ser neutras a nível global. No entanto, o documento não é vinculativo. Ou seja, os países não estão obrigados a cumpri-lo, dependendo da vontade de cada Estado em aplicar as medidas ratificadas ou não.
No final do mês, a ONU volta a reunir-se para mais um conjunto de conferências sobre o clima. Desta feita serão discutidos temas relacionados com a sustentabilidade urbana.
O World Urban Forum (Fórum Urbano Mundial, em português) irá ainda focar-se em apresentar e discutir projetos que assegurem um futuro mais sustentável no contexto das grandes cidades, com o objetivo de "tornar o futuro das cidades num lugar melhor", numa altura em que existem cada vez mais megacidades a nível global.
O evento, que acontece a cada dois anos, decorre de 26 a 30 de junho na cidade polaca de Katowice.
Já este domingo, em Lisboa, a Câmara Municipal preparou um dia de atividades, a acontecer na serra de Monsanto.
Defender mudanças
Segundo a ONU, a mudança começa em cada um. Defender mudanças na liderança de países e/ou apoiar movimentos ambientalistas que possam incentivar os Estados a aderir a movimentos de descarbonização pode ser um começo.
Dieta mais equilibrada
Reduzir o consumo de alimentos que precisem de mais recursos naturais (como água) para serem produzidos, bem como evitar comer alimentos fora das respetivas estações ou importados de longas distâncias, pode, segundo a ONU, ajudar a ser mais sustentável em prol do ambiente.
Evitar uso de materiais descartáveis
Já sabemos que o plástico é mau. Mas evitar o uso de materiais descartáveis pode ser o passo a seguir para uma maior sustentabilidade - e não são só os objetos plásticos a serem evitáveis. Também pilhas ou, por exemplo, lenços e guardanapos de uso único não são aconselháveis.
rui.godinho@dn.pt