No boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), o concelho de Almeirim, distrito de Santarém, apresenta 35 casos de pessoas que estão ou estiveram infetadas com covid-19. Mas o número de cidadaõs em contacto com o vírus SARS-CoV-2 é superior e abrange 3,88% da população, revela um estudo serológico realizado no munícpio, que foi apresentado esta sexta-feira. "A maioria dos indivíduos positivos no teste serológico não estava ciente de sintomatologia que configurasse suspeição de doença", alertam em comunicado a Câmara Municipal de Almeirim e o Instituto Gulbenkian de Ciência..O inquérito à imunidade da população permitiu concluir que cerca de um terço dos cidadãos em vigilância ativa pelas autoridades de saúde de Almeirm já têm anticorpos para o vírus, sem que tivesse sido previamente detetada infeção viral.."O estudo revelou um número apreciável de casos de infecção assintomática que de outro modo não seriam detetados", dizem os responsável pela iniciativa, a Câmara Municipal de Almeirim em colaboração com o Agrupamento dos Centros de Saúde da Lezíria do Tejo e o Instituto Gulbenkian de Ciência.."É crucial perceber como o vírus se transmite silenciosamente e como circula sem dar sinais da sua presença, infetando alguns mais que outros", completou Carlos Penha Gonçalves, investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência, esta sexta-feira, em Almeirim, durante a apresentação dos resultados do estudo, realizado entre 23 de maio e 4 de julho..A amostra envolveu 553 pessoas, sendo que 270 (1,16% da população) foram selecionadas aleatoriamente, 121 trabalham em alojamentos locais na região, 83 foram pessoas infetadas ou contactos em vigilância e 200 são profissionais de saúde a trabalhar na linha da frente do combate ao vírus.."O estudo dos 200 profissionais de primeira linha revelou que apenas 1% mostravam anticorpos contra o vírus. Este baixo número de testes positivos numa população com maior risco de exposição, sugere que a implementação de medidas de proteção pessoal dos profissionais foi bem-sucedida", apontam os responsáveis pelo estudo, que acreditam que "a realização de testes serológicos é uma ferramenta determinante para estimar a dispersão do vírus na população, para avaliar a exposição dos grupos de profissionais de risco, e para o seguimento das cadeias de transmissão"..Por isso mesmo, reforçam a necessidade de se continuar a produzir este género de inquéritos para ajustar as medidas de resposta à pandemia. "Só podemos atuar estrategicamente se conhecermos a realidade da nossa população. A colaboração entre as diferentes estruturas é fundamental na resposta tática e preventiva para minimizar os efeitos da atual pandemia", afirmou o presidente da Câmara Munícipal de Almeirim, Pedro Ribeiro, esta manhã..Estes inquérito estão a acontecer noutras localidades. Os primeiros resultados conhecidos de um estudo serológico munícipal foram em Loulé, no Algarve, na segunda quinzena de maio, e revelavam que a taxa de infeção seria 14 vezes superior aos casos diagnosticados. Ou seja, que entre as 1 235 pessoas testadas (profissionais de saúde, forças de segurança, jornalistas, trabalhadores do mercado, entre outros) 2,8% já tinham tido contacto com o vírus..A nível nacional, o Instituto de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) colocou no terreno um estudo serológico, que abrangeu quase duas mil pessoas por todo o território nacional e de todas as faixas etárias. De acordo com informações prestadas pelo presidente desta instituição, as amostras de sangue já foram recolhidas e até ao final deste mês serão divulgados os resultados preliminares.