Black Eyed Peas: um concerto a pensar nas redes sociais
O concerto do regresso dos Black Eye Peas ao palco do Rock in Rio Lisboa começou a todo o gás. A última vez, em 2004, os BEP ainda contavam com a cantora Fergie, que abandonou o grupo para seguir carreira a solo, o mundo era diferentes, os telemóveis já existiam mas não dominavam nem a audiência...nem os artistas. Explicamos linhas abaixo.
Com o público a voltar a encher o recinto próximo do Palco Mundo, depois de Ivete Sangalo (ver abaixo), os Black Eyed Peas puseram a audiência a dançar e a cantar os êxitos do agora trio composto por Taboo, Wil.I.Am, Apl.de.Ap. A voz feminina é agora responsabilidade de J.Rey Sol. Embora sem o carisma de Fergie (que recorde-se pisou o palco do Rock in Rio em 2016 em nome próprio), cumpriu com nota positiva as necessidades de uma voz forte feminina em muitas das canções dos BEP, como Boom Boom Pow e outros êxitos que a banda fez desfilar pelo Rock in Rio. Com repetidos agradecimentos, em português, a banda foi puxando pelo público.
Alguns temas mais tarde apresentaram a nova música - lançada esta semana - numa colaboração com a colombiana Shakira e David Guetta, Don´t You Worry, E que segundo a banda está a ter muitas visualizações no You Tube e muitas audições no Spotify.
Mesmo sendo uma música muito recente o público não deixou de dançar - talvez porque os refrões e a batida fizeram lembrar um mix de êxitos dos BEP do passado...
A partir daqui Will.I.Am raramente largou o seu smartphone para fazer live streaming para a página da banda no Instagram (que ainda deve estar nos stories da banda) quer a gravar a audiência ou a própria atuação.
O trio foi-se revezando a solo com alguns temas, primeiro Taboo e depois Apl.de.Ap, para logo de seguida Will.I.Am , com o seu telemóvel em punho, voltar ao palco e cantar entre outras uma música que fez com Britney Spears: Scream & Shout. O norte-americano aproveitou para falar como Britney o inspirou musicalmente.
E se muito da energia dos BEP se deve ao próprio Will.I.Am que a par da sua carreira com a banda tem feito inúmeras colaborações com outras bandas pop (Beep, com as The Pussycat Dolls, por exemplo), na noite de Lisboa falou muito com a audiência mas pareceu, por vezes, mais interessado nas gravações do seu smartphone.
Mas o espetáculo foi-se desenrolando, cheio de jogo de luzes, alguma pirotecnia e batidas dignas de aulas de aeróbica, o público não se mostrou cansado no role de músicas conhecidas, como Pump It, Mamacita, Party All The Time e Where is The Love, com direito a discurso de otimismo a favor do amor e dos boas vibrações.
Quase a finalizar a noite o tema I Gotta Feelling, a música que serviu de hino à seleção nacional de futebol para a campanha do Mundial realizado na África do Sul em 2010, voltou a colocar o recinto aos pulos.
Para o fim, o momento mais estranho do concerto - até para quem anda nisto há mais de vinte anos -; a banda voltou a fazer referência ao novo single lançado esta semana, Don´t You Worry, e convidou o público a ver, mais uma vez, o novo vídeo.
E sentaram-se no palco, de costas para a audiência, a cantar e a fazer streaming em direto para o Instagram. No final do tema levantaram-se, agradeceram e o concerto terminou ao fim de quase hora e meia.
O público, que dançou e saltou e cantou sem parar durante esse tempo merecia melhor. Um Will.I.Am menos viciado nas redes sociais e um final de festa sem autopromoção da banda. Mesmo assim, a maioria do público mostrava-se contente pelo show dos Black Eyed Peas.
Antes do concerto dos Black Eyed Peas, ainda de dia, às 21h a cantora britânica Ellie Goulding começava o seu show. O espetáculo começou morno e não aqueceu nem a audiência nem os ecrãs gigantes laterais ao palco - um deles com problemas técnicos só regressou em pleno perto do final da atuação.
Tímida, Ellie foi agradecendo aqui e ali, em inglês, no final de algumas das suas músicas. Só a meio do concerto, 30 minutos depois, já a noite caíra, decidiu falar com o público e explicar o quão bom ver uma audiência a dançar e divertir-se com músicas que não conhecem.
Contudo, a primeira musica mais conhecida chegou aos 45 minutos: Hate Me. E essa o publico reconheceu e cantou.
Mas foram os temas que fez em colaboração com o DJ e produtor Calvin Harris que deram vida ao parque da Bela Vista. Outside e I Need Your Love - momentos em que o público cantou e dançou e que Ellie aproveitou o balanço para lançar mais duas músicas (re)conhecidas: Anything Could Happen e o pop romântico de Love Me Like You Do.
Para o final, Lights, uma das músicas que, editada em 2010, a tornaram popular no início da sua carreira, e Burn, que a audiência não conhecia tão bem. O concerto nos momentos finais perdeu o fulgor que Ellie Goulding conseguiu nos temas mais conhecidos. E quase que acabou como começou: morno e tímido com alguns momentos de festa. No final, Ellie veio até ao extremo do palco, junto ao público, agradecer em jeito de vénia.
Há que reconhecer que não foi tarefa fácil suceder em palco depois da brasileira Ivete Sangalo.
Diz-se que há três certezas na vida: a morte, os impostos e Ivete Sangalo a cantar no Rock in Rio. Brincadeiras à parte, a brasileira que atuou no festival tantas vezes quantas este se realizou em Lisboa - desde 2004 - é um assunto sério.
Poderá dizer-se, com discussão, que talvez tenha sido ela a verdadeira cabeça de cartaz do segundo dia do Rock in Rio no Parque da Bela Vista, em Lisboa. Um mar de gente, mais até do para os Muse, cabeças de cartaz da noite anterior, ouvia-se entre o público.
Às 19 horas em ponto a cantora deu o mote ao "festival Ivete". Acompanhada pelos seus bailarinos, sem abrandar o ritmo, falou das saudades que tinha de Portugal e levou o público ao rubro que, sem descanso, tirou o "pé do chão" e dançou e cantou Tempo de Alegria, um dos temas mais conhecidos da cantora natural do estado da Baía. "Lisboa braços no céu" e "tira o pé do chão", foi dizendo a cantora, que completou 50 anos no passado mês de maio, sem parar.
Seguiram-se temas que muitos cantaram em voz alta enquanto dançavam. A cantora voltou a falar da alegria de estar de volta e mostrou-se incrédula com o mar de gente que ali estava "Não estou acreditando na quantidade de gente que aqui está", disse.
Entre sucessos como Acelera Aê; O Mundo Vai e Arerê, a última canção do regresso a Lisboa, Ivete falou da importância de estar de volta ao junto ao seu público: "Depois da pandemia temos é mais que rir, cantar, dançar e estarmos juntos".
Uma hora exata depois a cantora despediu-se com a promessa de voltar a Portugal para fazer concertos em breve.
Ainda de tarde, pelas 17 horas, o dia dos concertos do Palco Mundo começou com David Carreira e a sua equipa de muitos bailarinos a abrir as hostes do segundo dia do Rock in Rio.
Com muitos convidados com quem partilhou o palco, a começar pela namorada, a atriz Carolina Carvalho, que apareceu para dançar e beijar Carreira para gáudio dos fãs.
Foi um concerto para famílias onde quer os pequenos quer os, muitos, graúdos cantaram e dançaram os hits do filho de Tony Carreira.
Ainda antes de terminar o concerto, outro membro da família, Mikael Carreira, juntou-se ao irmão para cantarem juntos uma canção Senorita.
Para "acabar em grande", como disse David, duas músicas Festa e Esta Noita, acompanhada quase em uníssono pelos fãs.
O Rock in Rio regressa no próximo fim de semana. Sábado com Duran Duran como cabeça de cartaz e no domingo, a fechar a edição de 2022, Post Malone.
filipe.gil@dn.pt