127 dias das Canárias às Caraíbas... a bordo de um barril

Aventureiro francês, de 72 anos, lançou-se à travessia do Atlântico a bordo de um barril cor de laranja estanque, e sem motor. Empurrado apenas pelos ventos e pelas correntes, levou de 127 dias a chegar ao outro lado.
Publicado a
Atualizado a

Ex-militar e aventureiro, o francês Jean-Jacques Savin, de 72 anos lançou-se - literalmente - ao mar, e atravessou o Atlântico desde a costa europeia até às Caraíbas num barco improvável: um barril. Mas se não tinha motor, nem leme, não deixou de levar um telefone por satélite e um GPS.

Encerrado no seu barril flutuante cor de laranja, com três por 2,10 metros, e o espaço útil de um pequeno quarto, equipado com kitchnet, frigorífico, uma cama e arrumos, o ex-paraquedista francês escolheu as Canárias para começar a sua aventura, em dezembro do ano passado. E, em abril, 127 dias depois, um pouco mais do que tinha inicialmente previsto, deu à costa numa ilha das Caraíbas. Apanhou um ou dois sustos pelo caminho, mas chegou feliz, e com um livro na cabeça, que tenciona publicar no final do ano.

Ao sabor das correntes e dos ventos, Jean-Jacques Savin navegou sempre sozinho. Alimentou-se dos congelados e da comida seca que levou consigo, mas também pescou muito, e chegou a receber alimentos das tripulações de barcos com os quais se cruzou na viagem, já na parte final.

Durante todo o tempo que esteve no mar, nunca se aborreceu, como ele próprio garantiu, à chegada

"Os dias passam depressa e a contemplação é simplesmente magnífica", contou o Savin, citado no globo.com. "Todos os dias o nascer e o pôr-do-sol são diferentes, o mar está sempre a mudar e é um prazer incrível poder nadar com seis mil metros de profundidade abaixo dos seus pés", disse o lobo solitário dos tempos modernos.

A viagem não foi, no entanto, isenta de percalços. Numa ocasião, uma violenta tempestade quase lhe virou a precária embarcação ao contrário. Mas a borrasca acabou por durar apenas um dia e tudo voltou ao normal. "Passar por isso é difícil, mas depois voltam os ventos mais tranquilos e tudo fica bem", contou. De outra vez, uma orca tresmalhada tentou abocanhar-lhe a precária embarcação, felizmente sem consequências.

Porque a viagem acabou por durar mais um mês do que ele tinha previsto, Savin acabou por ficar sem mantimentos quando estava ainda a muitas milhas de terra firme. Valeram-lhe as tripulações de dois navios com os quais se cruzou, que o abasteceram, evitando assim que ele pusesse fim à sua aventura antes de a completar.

Apesar da idade, que diz ser apenas "um estado de espírito", Jean-JacquesSavin já está a pensar em repetir a proeza, mas na próxima escolherá outro oceano. Só ainda não decidiu se será o Atlântico norte, ou o Pacífico.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt