Já são 11 as mulheres assassinadas. "São números que nos envergonham", diz UMAR

Não é o pior mês de sempre, mas "é como se nada tivesse sido feito". Elisabete Brasil, da União de Mulheres Alternativa e Resposta, não esconde a revolta perante a morte de mais uma mulher, desta vez na Golegã: "É demais, elas continuam a morrer"
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Todos os dias Elisabete Brasil, que tem a seu cargo o Observatório de Mulheres Assassinadas, lê as notícias. A rotina ingrata é tanto mais terrível quanto mais fácil se torna. Não tem de procurar muito para as encontrar: as mulheres que morreram vítimas de violência doméstica. A pouco mais de um mês e meio do início de 2019, já são onze - entre elas uma criança de dois anos. A última vitima é uma mulher de 53 anos morta pelo ex-companheiro na Golegã.

Foram espancadas - morreram depois de tareias que demonstram claramente que foram vítimas de "crimes de ódio" - ou morreram abatidas a atiro, depois de terem sido espancadas, mas também foram esfaqueadas, vítimas de tortura, sofreram até ao fim. Mataram-nas os companheiros ou ex-companheiros, familiares próximos, o pai. Quase todas foram mortas em casa.

Elisabete Brasil não consegue esconder a revolta. "Passaram mais de vinte anos e nada mudou. É como se nada tivesse sido feito. É demais, elas continuam a morrer". desabafa ao DN, antes de ditar uma lista trágica. Porque "as mulheres não são números", a responsável da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta - dá-lhes nomes, pelo menos aqueles que sabe. E reforça: "Estes são números que nos envergonham".

5 de janeiro

Lúcia Rodrigues, de 48 anos, é morta a tiro pelo marido, na sua casa, em Lagoa, no Algarve. O homicida suicidou-se.

7 de janeiro

Uma mulher de 46 anos foi espancada até à morte pelo cunhado, na ilha Terceira, Açores. Em causa uma disputa sobre uma casa que pertencia à mãe do homicida.

11 de janeiro

Duas irmãs, de 80 e 83 anos, foram mortas a tiro, em Alandroal (Évora). Foram assassinadas na sua própria casa. O autor dos crimes - o marido de uma das mulheres - tentou suicidar-se. Encontrado com vida, acabou por morrer no hospital.

11 de janeiro

Vera Silva foi morta em casa, em Almada. Foi espancada pelo ex-companheiro e o seu corpo ficou quase irreconhecível,

17 de janeiro

Fernanda, de 71 anos, foi morta a tiro de caçadeira pelo marido. O homicídio aconteceu na casa do casal, onde viviam há 40 anos.

27 de janeiro

Uma mulher de 48 anos foi espancada e degolada e depois abandonada na sua habitação. O crime aconteceu em Santarém.

31 de janeiro

Uma mulher de 25 anos foi morta à facada pelo namorado, bombeiro de profissão. Foi em Moimenta da Beira. Quem encontrou o corpo foi o filho da vítima, uma criança de apenas cinco anos.

4 de fevereiro

Helena Cabrita, de 60 anos, foi morta pelo ex-genro, Pedro Henriques, em sua casa. Foi esfaqueada. No mesmo dia, o homicida matou a filha, de dois anos, por asfixia, na via pública. O assassino cometeu suicídio.

17 de fevereiro

Uma mulher de 53 anos, da Chamusca (Santarém) foi morta com dois tiros de caçadeira pelo ex-companheiro, de 62 anos. O crime aconteceu na Golegã. O suspeito disparou ainda sobre um homem que acompanhava a mulher naquele momento.

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