"Outra fase" na pandemia. Mas ainda há "incerteza"
O Conselho de Ministros deverá hoje anunciar novas medidas de alívio às restrições pandémicas.
A possibilidade foi ontem alvitrada pela ministra da Saúde, Marta Temido, após mais uma reunião com especialistas no Infarmed, em Lisboa.
Uma reunião que o Presidente da República encerrou já com um discurso de fim de ciclo, agradecendo "a todos" os que contribuíram "com o seu saber para o aconselhamento das decisões políticas" - e fazendo também questão de dizer que a ministra da Saúde "é a primeira a merecer também este agradecimento", bem "como a senhora diretora-geral da Saúde [Graça Freitas]" e "toda a equipa".
Marta Temido reconheceu que "a pandemia entrou numa outra fase", registando-se "decrescimento do número de casos e o risco de transmissão abaixo de 1". Contudo, a mortalidade continua "superior ao limiar de referência" e o número de novos casos diários também se mantém num "patamar elevado". Em síntese: vive-se uma "situação controlada" mas é preciso "manter a vigilância" dado que, além do mais, nada impede que surja uma "nova variante". Avançar "tão depressa quanto possível e tão devagar quanto necessário".
Como medidas a tomar, Marta Temido referiu uma nova política de testagem, a avaliação dos contextos em que o uso obrigatório de máscara possa vir a cair e a alteração das situações em que é exigida a apresentação do certificado digital. "Estamos a falar de questões relacionadas com a eventual alteração da política de testagem, tornando-a mais focada, com a apresentação de certificados digitais em determinados espaços, temas como a utilização ou não de máscara onde podemos estar mais protegidos", explicou, acrescentando também a possibilidade de rever as regras quanto à lotação de determinados espaços.
Sem confirmar prazos, a ministra remeteu para a reunião de hoje do Conselho de Ministros.
Além do alívio de restrições, a estratégia para a nova fase deverá assentar igualmente noutros três eixos: o da vigilância, o da testagem e o da vacinação: "É essencial que façamos as doses de reforço que ainda não foram feitas e que vacinemos as pessoas que entram em condições de ser vacinadas." E isto porque "temos ainda muitas incertezas relativamente, por exemplo, à sazonalidade ou não, à própria imunidade decorrente da infeção, à efetividade vacinal, o que nos leva a que tenhamos ainda que considerar que estamos num cenário de incerteza e não de convívio que temos relativamente a outras doenças".
O próprio António Costa, embora salientando a evolução positiva da situação, referiu que a ameaça da covid-19 "persiste enquanto não houver uma vacinação à escala global" e "portanto, não podemos dar esta luta por encerrada".
Tal como Marcelo, também o primeiro-ministro fez um discurso de agradecimentos - o que parece indiciar também uma nova fase nestas reuniões do Infarmed, porventura agora mais espaçadas: "A partilha pública da informação foi essencial para reforçar a confiança e mobilizar os portugueses, que revelaram um notável civismo ao longo desta crise."
Acesso a lojas, bares e discotecas
O acesso a lojas, bares e discotecas deve passar a ser feito sem limitações nem restrições.
Certificado Digital Covid-19
No caso do certificado, atualmente obrigatório para acesso a restaurantes, estabelecimentos turísticos, alojamento local e espetáculos culturais, a proposta é que passe a ser usado apenas "em contexto de saúde ocupacional" (ex.: novos trabalhadores).
Uso de máscara
Deve ser apenas obrigatório em espaços interiores públicos, serviços de saúde e transportes.
Teletrabalho
O teletrabalho deve deixar de ser recomendado, passando o trabalho presencial a fazer-se sem limitações.
Testagem e vigilância
Os especialistas recomendam que seja feita testagem em populações mais vulneráveis.