Símbolo sexual dos anos 1950 e 1960, Brigitte Bardot trocou os holofotes da fama do cinema para abraçar a causa da defesa dos animais e da natureza. Já lá vão 46 anos. Foi o melhor que fez, considera a francesa que deixou de ser atriz em 1973 para ser conhecida mundialmente como ativista. "A maioria das grandes atrizes teve um fim trágico. Quando disse adeus a esse trabalho, a essa vida de opulência e brilho, de imagens e adoração, a busca de ser desejado, eu estava a salvar a minha vida", afirma Bardot ao The Guardian..BB, como também se tornou conhecida, conta ao jornal britânico que o mundo das celebridades a sufocava. A propósito da edição em inglês do seu livro de memórias, Tears of Battle: An Animal Rights Memoir, lançado em França no ano passado, ainda sem edição portuguesa, Brigitte Bardot lamenta o estrelato e o poder destruidor que exerceu na sua vida e que lhe roubou o anonimato..Certamente muitos fãs da ex-atriz francesa não sabiam, mas Bardot conta que sempre foi tímida, o que, aliado à vida de estrela de cinema, a fazia ficar doente. "No início, gostava que as pessoas falassem de mim, mas rapidamente isso sufocava-me e destruía-me. Ao longo dos 20 anos como atriz de cinema, sempre que uma filmagem começava eu ficava com herpes", lembra..A mulher que se tornou uma deusa da sétima arte dedica grande parte do seu livro aos direitos dos animais. Aliás, não tem dúvidas de que são eles e a natureza que lhe salvaram a vida. "Os seres humanos magoaram-me. Profundamente. Foi só com os animais, com a natureza, que encontrei a paz."."Ainda não suporto ser observada".Ao jornal inglês, Brigitte Bardot garante: "Sei o que é ser caçada." E dá como exemplo o assédio que sofria quando era uma estrela de cinema mundial e de como os paparazzi a perseguiam. "Eu podia sentir a presença deles", lembra..Lamenta que ainda hoje não possa sentar-se num café tranquilamente sem que seja abordada por alguém. "As pessoas estão a ver o que a Brigitte Bardot está a comer, como é que segura o garfo. Vão pedir mais uma foto. Eu nunca recusei. Mas ainda não suporto ser observada. Certas pessoas querem abraçar-me, tocar-me", descreve..Em Tears of Battle: An Animal Rights Memoir, Bardot dedica-se a abordar o sofrimento dos animais causado pelo homem, que considera ser "fundamentalmente egoísta". "A maior parte das pessoas não reage a uma causa a não ser que a afete diretamente. Quero que o público fique indignado, saia da zona de conforto.".É nessa linha de pensamento que a ativista enaltece as conquistas da sua Fundação Brigitte Bardot. "Se a fundação não existisse, vários programas para a conservação de espécies não existiam", destaca.