O Arizona vingou John McCain, mas chegará para derrotar Trump?

Publicado a
Atualizado a

Se se confirmar a vitória de Joe Biden no Arizona (até a Fox a prevê), o primeiro estado a trocar de partido entre 2016 e 2020 nesta noite eleitoral, o grande responsável será alguém que morreu há dois anos: John McCain, senador durante três décadas e candidato republicano derrotado por Barack Obama nas presidenciais de 2008. Donald Trump maltratou em vida McCain, o eleitorado do Arizona não perdoou neste 3 de novembro.

McCain era visto como um herói pelos americanos. Piloto de guerra, foi capturado no Vietname em 1967 e passou seis anos na prisão. As torturas e maus-tratos deixaram danos irreversíveis. Não conseguia levantar os braços além de certo ponto. Ser filho e neto de altas patentes militares americanas terá agravado o modo como foi tratado pelos vietnamitas, que resistiam na época aos Estados Unidos com apoio da União Soviética e da China (vivia-se a Guerra Fria).

Trump, já durante a campanha eleitoral de 2016, atacou duramente McCain, indo ao ponto de lhe negar o estatuto de herói de guerra, pois tinha sido capturado. Era a retaliação brutal à la Trump por o senador ter chamado loucos aos apoiantes do magnata do imobiliário, republicanos extremistas aos olhos de McCain, que sempre procurou pontes entre os dois grandes partidos. Mesmo assim, e apesar de incomodado com os excessos verbais de Trump, McCain foi fiel aos republicanos na hora de ir às urnas. Antes tinha dito que aceitaria a escolha do partido para candidato, fosse quem fosse.

A família de McCain não convidou o novo presidente para o funeral em 2018. E a viúva Cindy apoiou agora o democrata Biden. Apesar de o Partido Republicano naquele estado do sudoeste dos Estados Unidos estar sólido com Trump, os chamados republicanos de McCain, moderados, sentiram que Biden era melhor opção para liderar o país. E isso, junto com a mobilização dos democratas, terá feito o Arizona mudar de campo pela primeira vez desde 1996. E mesmo essa vitória de Bill Clinton foi a única de um democrata desde 1952. O que mostra a relevância desta eventual viragem do estado para Biden, que era, graças aos anos juntos no Senado, um amigo do antigo piloto militar.

Vale apenas 11 votos no Colégio Eleitoral o Arizona. Serão decisivos? A contagem continua noite dentro nos Estados Unidos (são já seis da manhã em Portugal) e Biden tem ainda de esperar por mais alguns estados mudarem de cor, sobretudo no Midwest. Trump não admite que vai perder no Arizona...

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt