Novo recorde diário a nível mundial. Quase 600 mil casos em dois dias

Cidadãos desconfiam de números avançados e perderam confiança nas medidas decretadas.
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O mundo estabeleceu um novo recorde diário de infeções por coronavírus nos últimos dois dias. Houve mais de 280 mil novos casos registados em todo o mundo na quinta (284.661) e na sexta-feira (282.042), os maiores aumentos diários desde que o vírus surgiu na China no final do ano passado. Ou seja, quase um terço das 15,8 milhões de infeções no mundo foram registadas desde 1 de julho, enquanto o número total de mortes se aproxima de 640 mil.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de um milhão de casos foram registados nas últimas cinco semanas. "Embora nenhum país seja afetado, esse aumento é impulsionado pela alta transmissão em países grandes e populosos das Américas e do sul da Ásia", informou a instituição comunicado, este sábado.

Segundo o documento da OMS, o Brasil e a Índia relataram recentemente os maiores aumentos diários, mas os números também permaneceram preocupantemente altos na África do Sul e nos Estados Unidos. O país liderado por Trump ainda o país mais atingido e reportou na sexta-feira o seu segundo dia consecutivo com mais de 70 mil novos casos e mais de mil mortes.

A Ásia também tem focos de contágio preocupantes. No sábado, a Coreia do Sul registou o maior número de infeções em quase quatro meses, e no Vietname foi reportado um caso após 100 dias sem novos casos. Na China, as autoridades decretaram restrições e testes massivos na cidade portuária de Dalian, com cerca de seis milhões de pessoas, depois de serem detetadas novas infeções.

A Europa continua a ser o continente mais atingido, com um quinto da contagem mundial, e teme-se um aumento de infeções durante a temporada de férias de verão. A Bélgica está a ponderar aumentar ainda mais as restrições, após a morte de uma menina de três anos, a vítima mais jovem no país. Em Espanha, há surtos ativos nas regiões de Aragão e Catalunha, tendo as autoridades reintroduzido novas restrições ao dia a dia. Em França, os novos casos têm aumentado e o novo primeiro-ministro Jean Castex, anunciou testes ao covid-19 para viajantes que chegam de 16 países de alto risco. Enquanto isso, a Grã-Bretanha tornou obrigatório o uso de máscaras em shoppings, bancos, lojas de conveniência, cafés e supermercados.

Na América Latina, onde quase 180 mil pessoas morreram, os sistemas de saúde estão a colapsar.
"O mundo está infestado", disse à AFP, Raquel Barrera, 28 anos, uma cidadã de El Salvador, que perdeu três irmãos e os pais devido à doença em menos de dois meses.

Os governos de todo o mundo têm-se esforçado para conter a pandemia, mas nem todos estão a conseguir travar o contágio, o que gera desconfiança nos cidadãos. Uma pesquisa da CNC Kekst mostra que a confiança nas autoridades tem diminuído em seis dos países mais ricos do planeta. Populações de França, Alemanha, Grã-Bretanha, Japão, Suécia e EUA desconfiam do número de mortes e infeções revelados pelos respetivos governos e acreditam que sejam mais altos.
"Na maioria dos países, o apoio aos governos nacionais está a cair", explicou a consultora, que entrevistou mil pessoas em cada país.

Jair Bolsonaro é dos líderes mais criticados a nível mundial. O presidente do Brasil foi diagnosticado com covid-19, depois de subestimar o vírus e de lhe chamar "um refriadozinho", e anunciou este sábado que testou negativo.

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