Hillary Clinton condena não divulgação de relatório sobre influência russa em eleições

A antiga secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton afirmou ser "inexplicável e lamentável" que o governo britânico recuse divulgar um relatório sobre a alegada influência russa na política britânica antes das eleições legislativas de 12 de dezembro.
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"Considero inexplicável que o vosso governo não divulgue o relatório sobre a influência russa. É inexplicável e lamentável. Vocês vão ter umas eleições e as pessoas merecem saber o que está nesse relatório", afirmou Hillary Clinton à rádio BBC 5 Live referindo-se a um documento que inclui alegações de espionagem, subversão e interferência nas eleições, de acordo com a BBC.

Em causa está um relatório de 50 páginas da Comissão Parlamentar de Informações e Segurança, enviado ao primeiro-ministro em 17 de outubro que o governo alegou necessitar de tempo para analisar antes de o divulgar publicamente. Porém, como continua sem o publicar especula-se no Reino Unido que está a ser retido porque o conteúdo pode comprometer o Partido Conservador do primeiro-ministro Boris Johnson.

Hillary Clinton lembrou as evidências detetadas de interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas em 2016, na quais foi derrotada por Donald Trump, e os indícios de influência no referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia no mesmo ano.

"As pessoas [no Reino Unido] que vão votar dentro de um mês merecem saber o que está num relatório que, podemos especular, deve conter alguma coisa preocupante, senão seria publicado", vincou.

E acrescentou: "Porque não há nenhuma dúvida - nós sabemos no nosso país, nós vimos na Europa, nós vimos aqui - que a Rússia em particular está determinada a tentar moldar as políticas das democracias ocidentais. Não para o nosso benefício, mas para o deles próprios."

O relatório baseia-se nos testemunhos de especialistas e agentes de serviços de informação britânicos e, segundo o jornal The Guardian, examina as tentativas russas de interferência na campanha do referendo sobre o 'Brexit', incluindo tentativas de infiltração do Partido Conservador de Boris Johnson. O documento inclui alegação de espionagem, subversão e interferência nas eleições, de acordo com a BBC.

No fim de semana, o jornal Sunday Times noticiou que o relatório nomeia nove empresários russos que terão feito donativos financeiros para o Partido Conservador.

Nas vésperas da dissolução do parlamento, na semana passada, o presidente da Comissão Parlamentar, o antigo conservador e atual independente Dominic Grieve, pediu a publicação do relatório antes das eleições e a questão foi objeto de um debate na Câmara dos Lordes. Na altura, o independente David Anderson afirmou que o atraso "levanta suspeitas sobre o governo e os seus motivos".

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