A Justiça é a instituição pública mais mal avaliada pelos portugueses, segundo um inquérito divulgado esta terça-feira que aponta erros, lentidão e pressões sobre magistrados como principais problemas de um sistema que penaliza os mais pobres e minorias..Estes são alguns dos resultados de um inquérito feito pelo Instituto de Políticas Públicas e Sociais (IPPS) do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, hoje tornado público, integrado no relatório "O Estado da Nação e as Políticas Públicas 2024", totalmente vocacionado para o sistema de Justiça..De acordo com o estudo, "74% dos inquiridos consideram que a Justiça funciona 'Mal' ou 'Muito Mal'", uma avaliação que é a mais negativa feita pelos inquiridos sobre serviços ou estruturas públicas, abaixo do Parlamento, Governo ou Sistema Nacional de Saúde.."Pelo contrário, as polícias, as forças armadas e as câmaras municipais recebem avaliações positivas por parte da maioria dos inquiridos", segundo o estudo..Entre os inquiridos que avaliam negativamente a Justiça, a maior responsabilidade é atribuída aos juízes, procuradores e governos, numa escala que coloca os "cidadãos em geral" como os menos culpados dos problemas..Numa avaliação mais detalhada ao sistema de Justiça, as considerações "menos positivas concentram-se no desempenho geral do sistema, incluindo rapidez, eficácia e eficiência"..A maioria dos inquiridos considera que os juízes e procuradores são vulneráveis e cedem a pressões com "muita" ou "alguma frequência" por parte da comunicação social (66%), grupos económicos e sociais (64%), do governo (60%), dos partidos da oposição (57%) e dos Presidentes da República (57%)..Sobre a possibilidade de os magistrados desempenharem outras funções e regressarem aos seus lugares, 41% defendem que esses juízes ou procuradores "deveriam ser impedidos de retornar à magistratura, ao passo que 43% defendem a implementação de um 'período de nojo'"..Numa avaliação dos últimos cinco anos, metade (48%) dos inquiridos considera que o funcionamento da justiça está igual, mas mais de um terço (38%) refere que o sistema "piorou" ou "piorou muito"..Já no que respeita ao futuro, os inquiridos não estão otimistas, com um quarto a antecipar mesmo uma maior degradação..Quanto às respostas aos problemas, a maioria dos inquiridos (73%) "não acredita que algum partido político tenha melhores respostas que os outros para os problemas da justiça"..Entre os inquiridos, são mais pessimistas os mais velhos, os que têm menos instrução e os que já têm algum tipo de contacto prévio com o sistema judicial"..Contudo, os autores não detetaram uma "relação significativa" entre as respostas e o posicionamento ideológico dos entrevistados, embora exista "uma tendência para que os inquiridos de direita considerem que o sistema faz mau uso dos recursos disponíveis"..O inquérito envolveu 1.207 inquiridos, com uma margem de erro de 2,8%.