José Paulo Fafe demite-se do cargo de CEO da Global Media
José Paulo Fafe apresentou esta quarta-feira a demissão do cargo de presidente da Comissão Executiva do Global Media Group (GMG), ao fim de quatro meses de exercício das funções.
“Faço-o por considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções, nomeadamente os pressupostos essenciais, nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita, único caminho possível para um reposicionamento dos seus principais títulos e marcas, condição indispensável para o seu crescimento e expansão”, escreveu, num comunicado dirigido a todos os trabalhadores do grupo.
Fafe deixa ainda uma “última nota”: “O rigor e a qualidade do jornalismo não se defendem com meras frases de efeito, slogans gastos, ou escondendo factos e realidades indesmentíveis. Constrói-se com projeto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcia e incompetência, a fazer o futuro”.
Em 25 de janeiro, os trabalhadores da Global Media que tinham o salário de dezembro em atraso receberam o vencimento, depois do grupo Bel ter dado uma garantia à Vasp para adiantar dinheiro ao grupo.
Falta ainda pagar o subsídio de Natal e realizar os pagamentos aos prestadores de serviços.
Em 06 de dezembro, a Comissão Executiva da GMG anunciou que iria negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".
Argumentou também que "face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", o pagamento "do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano".
Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tem condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é "extremamente grave".
De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%.
O fundo WOF tem uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG. Por sua vez, o Grupo Bel detém uma participação indireta de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.
Resumindo, a Global Media é detida diretamente pela Páginas Civilizadas (41,510%), KNJ (29,350%), José Pedro Soeiro (20,400%) e Grandes Notícias (8,740%).
Com Lusa