O Ministério Público da Venezuela adiantou esta sexta-feira que vai convocar "nas próximas horas" Edmundo González Urrutia, devido a uma investigação de que o candidato presidencial da oposição é alvo por alegados crimes associados às denuncias de fraude eleitoral..O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, referiu que vai divulgar brevemente os detalhes desta intimação, onde é esperado que o candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD) fale sobre o 'site' onde foram publicados registos eleitorais que, segundo a oposição anti-Maduro, confirmam a sua vitória nas eleições de 28 de julho.."Tem de comparecer a esta convocatória para poder falar, de forma consequente e sucessiva, sobre a sua responsabilidade antes, durante e depois do 28 de julho, pela sua contumácia, pela sua desobediência às autoridades", sublinhou o procurador, num discurso transmitido pelo canal estatal VTV..Saab espera que o opositor "preste declarações sobre a sua autoria" na publicação destes dados que, frisou, "usurpou" uma tarefa "que só corresponde" ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que ainda não publicou os dados desagregados que confirmem a anunciada vitória de Nicolás Maduro nas urnas.."Não mostra a cara, não sabemos onde está", acrescentou o procurador, aludindo à decisão de González Urrutia de permanecer "num abrigo" perante as ameaças do regime chavista, que exigiu prisão para o candidato e para a sua principal apoiante, María Corina Machado..Entre os crimes referidos pelo Ministério Público no processo contra González Urrutia estão usurpação, formação de quadrilha e associação para a prática de um crime..Na quinta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado pelos chavistas, declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais e instou a Procuradoria-Geral da República a investigar possíveis crimes cometidos pelos líderes da oposição..O novo anúncio da vitória de Maduro foi rejeitado por numerosos países que pedem às autoridades venezuelanas que publiquem os resultados eleitorais detalhados..Onze países, entre os quais os Estados Unidos, o Chile e a Argentina, rejeitaram esta sexta-feira de forma "categórica" a sentença do TSJ..Em comunicado conjunto divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chileno, os países recordam o seu desconhecimento acerca da "validade da declaração do CNE", por ter sido negado acesso aos representantes da oposição à contagem oficial..O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, declarou que a UE não reconhecerá Nicolás Maduro como Presidente até que as atas eleitorais sejam verificadas..O secretário-geral da ONU pediu à Venezuela "total transparência" nos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho e lembrou que o CNE ainda não publicou as atas eleitorais do escrutínio, como reivindica a oposição..Entretanto, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, voltou a evitar reconhecer esta sexta-feira a reeleição de Maduro, insistindo que as atas eleitorais devem ser divulgadas..Em Caracas, o Governo agradeceu aos presidentes de Cuba e Nicarágua, respetivamente Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega, pelo reconhecimento da vitória de Nicolás Maduro..O presidente cubano questionou, no X, "quando os ingerentes se desculparão" perante Maduro, em alusão aos Governos que se recusam a reconhecer a reeleição do líder chavista até que o CNE publique os resultados desagregados, algo que deveria ter sido feito no dia 02 de agosto, segundo o cronograma eleitoral.