Na passada semana, a Universidade Politécnica de Macau recebeu a 14.ª Conferência do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (FORGES). O tema principal foi: Inovação para o Desenvolvimento nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, subdividindo-se depois em sessões paralelas, mesas redondas e apresentações, onde outros tantos temas foram abordados..O eixo da Formação e Inovação Pedagógica para a Inclusão no Ensino Superior possibilitou tratar várias perspetivas, como por exemplo: a temática da transformação digital, dos percursos de inovação pedagógica com recurso à inteligência artificial ou à sua aplicação prática. Também a transferência do conhecimento, como processo de inovação através de projetos internacionais, foi abrangida..Ora, no tema das Políticas, Gestão e Qualidade no Ensino Superior, trataram-se ainda Caminhos para Superar o Desafio da Distância através da Proximidade da Língua Comum. E percebeu-se que, para além da língua de Camões, o que une os povos lusófonos é a sua aculturação. Aí, inclui-se a música, poesia, gastronomia e a saudade, como elemento que os torna únicos..No presente, convém lembrar que um dos grandes objetivos no ensino superior é a melhoria constante da qualidade do ensino. A sua relevância é enorme, pois situa-se como o quarto objetivo estabelecido pelas Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. A qualidade do ensino será refletida em diversos indicadores, como os índices de empregabilidade ou de procura dos estudantes..A transformação digital e a sua inclusão no mundo do ensino superior é hoje uma realidade. Em concreto, quando se fala de inteligência artificial pode concluir-se que essa é apenas uma nova evolução tecnológica..Quando o livro apareceu, Platão entendeu-o como um mal dado que, no entendimento do próprio, os estudantes deixariam de memorizar os ensinamentos. Mais tarde, com a máquina de escrever, pensou-se que seria um veículo para a perda da caligrafia. Não se pensou diferente nos primórdios da calculadora. Essa foi julgada como um atentado à matemática, embora no presente seja uma ferramenta essencial, tal como com os computadores..Assim, a inteligência artificial não será mais do que, tal como explica Luís Tinoca, um resultado da evolução ou uma espécie de aprendizagem 2.0 ao nível das instruções, das máquinas em si ou do armazenamento de dados introduzidos..Contudo, uma questão pertinente prende-se com o facto de as instituições estarem ou não a ser capazes de oferecer às empresas a mão-de-obra que essas necessitam. O mercado de trabalho, hoje uma espécie de aldeia global, deve ser o fio condutor para preparar os estudantes. E a aprendizagem 2.0 exige uma complexidade externa, que seja centrada no estudante, transparente, aberta e participada, acompanhada por uma mediação tecnológica..Seja qual for o caminho a seguir, há algumas certezas que podem ser asseguradas: a manutenção da qualidade do ensino, quer seja com a implementação de sistemas de avaliação da qualidade, quer seja com a verificação da aplicação da lei da oferta e da procura, liberalizando totalmente a questão deixando ao mercado a seleção natural, terá sempre uma componente tecnológica que no futuro terá tendência para aumentar..A boa preparação dos estudantes não será um atributo a entregar à AI ou outros fatores isolados, mas sim ao empenho coletivo através da contínua procura pela melhoria da qualidade do ensino. E essa pode ser materializada tanto pelo ODS4, como pela inclusão de novas metodologias que permitam mais condições de inovação e empreendedorismo.