O diário francês Le Mondedestaca na sua edição desta sexta-feira o investimento em energias renováveis em Portugal, apontando o país como um exemplo, com um recorde assinalável a registar. Em marco deste ano, a produção de eletricidade por energias renováveis ultrapassou o consumo nacional, e o excedente foi exportado para Espanha.
O diário francês cita António Sá da Costa, o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), para assinalar ainda que durante o primeiro trimestre deste ano, "as fontes renováveis forneceram 62% da eletricidade consumida no país".
Estes dados "colocam Portugal em terceiro lugar", no conjunto dos países europeus, com maior peso das renováveis no mix elétrico,"apenas atrás da Áustria e da Suécia, e bem na frente da Itália e da Espanha", que não ultrapassam os 17% de renováveis neste mix, e também da França, que se "mantém estagnada nos 16%".
A fileira das renováveis, sublinha o Le Monde, representa "55 mil empregos em Portugal", a que se somam mais 400 posições na investigação científica e tecnológica, e na inovação.
Dando destaque ao projeto de demonstração do Alto Rabagão, no qual a EDP está a testar "um projeto único na Europa" - a associação entre a produção hidroelétrica da barragem e uma ilha de painéis solares instalada na albufeira - o jornal sublinha como a inovação do projeto "simboliza as ambições deste pequeno país de 10 milhões de habitantes", que se tornou "um dos campeões europeus das energias renováveis".
A ambição? Chegar a 2040 com cem por cento da eletricidade produzida por renováveis, escreve o Le Monde, citando a meta avançada pelo presidente da APREN, que assegura: "É possível".
Outro objetivo, atingir a neutralidade carbónica em 2050, que foi estabelecido pelo governo de António Costa, é citado através das palavras do ministro do Ambiente, José Matos Fernandes.
Entrevistado pelo diário francês, Matos Fernandes sublinha como uma das prioridades, nesse contexto, a necessidade de "descarbonizar os transportes", área em que o país investiu "170 milhões de euros em 2017", e na qual investirá outros "450 milhões, em 2018".
O caminho para a neutralidade carbónica, afirma o ministro, passará também "por todos os outros setores: edifícios, indústria, agricultura, gestão de resíduos e gestão da floresta, que é regularmente afetada por incêndios, e que tem um papel crucial na sequestração do carbono".