08 janeiro 2016 às 10h10

Mein Kampf de Hitler voltou às livrarias. Em Portugal também

70 anos depois da morte do autor, livro escrito pelo líder da Alemanha nazi na prisão volta a estar disponível nos escaparates.

Helena Tecedeiro

Até hoje, as únicas cópias de Mein Kampf que se podiam adquirir na Alemanha eram as editadas antes de 1945 e da morte de Adolf Hitler, pouco antes do fim da II Guerra Mundial. Mas a partir de hoje, passados 70 anos da morte do autor e já não se pondo a questão dos direitos de autor, até agora nas mãos do estado da Baviera, o livro volta às livrarias alemãs.

Em Portugal, A Minha Luta regressa ao mercado pela E-Primatur, 40 anos após a primeira edição no nosso país, pelas Edições Afrodite/Fernando Ribeiro de Mello, retomando esse texto, mas agora em versão integral. Na montra da Bertrand do Chiado, o livro está hoje em destaque.

Com prefácio do historiador António da Costa Pinto, a nova edição portuguesa regressa à tradução brasileira de Jaime de Carvalho, originalmente publicada pela Globo, que foi "revista e cotejada com o original", de acordo com a E-Primatur, "acrescentando-se-lhe algumas partes não traduzidas", o que a transforma, "portanto, na primeira tradução verdadeiramente integral da obra", no mercado português.

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A polémica é certa, mas muitos historiadores consideram que Mein Kampf (cujo título significa A Minha Luta) e as suas tiradas antissemitas - escritas nos anos 20, uma década antes da chegada ao poder dos nazis e mais serviram de base para o Holocausto, com o seu extermínio de seis milhões de judeus - são essenciais para compreender a História.

Talvez por isso esta seja uma edição anotada, com mais de uma centena de notas académicas, que ajudam a perceber uma ideologia que levariam o mundo à guerra.

As autoridades alemãs poderiam voltar a banir um livro que exibe a suástica e outros símbolos nazis, mas muitos especialistas consideram que proibir a venda de Mein Kampf só vai aumentar a curiosidade à sua volta. E até alguns grupos judaicos defendem o seu regresso às livrarias, como forma de melhor perceber o que aconteceu aos judeus na II Guerra Mundial.

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