Ninguém chega aos calcanhares de Meryl Streep
"Claramente sobrevalorizada", foi assim que o presidente norte-americano Donald Trump se referiu a Meryl Streep, depois do discurso muito crítico que a atriz proferiu ao receber o Prémio Cecil B. DeMille, pela sua carreira, na cerimónia dos Globos de Ouro, a 8 de janeiro.
Claramente sobrevalorizada, esta é a atriz mais vezes nomeada para os Óscares: 20 (16 das quais como Melhor Atriz e quatro como Atriz Secundária), deixando para trás, mas mesmo muito para trás, os atores que estão no segundo lugar: Katharine Hepburn e Jack Nicholson, ambos com 12 nomeações.
Meryl Streep já ganhou três Óscares:
Primeiro, em Kramer Contra Karmer, de Robert Benton (1979), onde, ao lado de Dustin Hoffman, interpretava um casal que se divorcia e tenta lidar com a custódia do filho. O filme ganhou cinco estatuetas: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Ator e Melhor Atriz. O pequeno Justin Henry, que na altura tinha 8 anos, também estava nomeado para Melhor Ator Secundário.
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Depois, em A Escolha de Sofia, de Alan J. Pakula (1982), onde, contracenando com Kevin Kline e Peter MacNicol, Meryl Streep era uma imigrante polaca em Brooklyn, após a Segunda Guerra Mundial, que por trás de todos os sorrisos vivia atormentada pelas memórias do nazismo. Na verdade, Sofia tinha estado no campo de concentração de Auschwitz onde tinha sido forçada a escolher qual dos seus filhos, Jan ou Eva, deveria morrer e qual poderia viver.
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Finalmente, em A Dama de Ferro, de Phyllida Lloyd (2011), Streep foi premiada pela sua interpretação da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher.
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É impossível resumir em poucas linhas a carreira de Meryl Streep, de 67 anos, mesmo que nos cinjamos apenas aos filmes pelos quais ela foi nomeada para um Óscar. Especialista em sotaques diferentes, há que referir as suas interpretações A Amante do Tenente Francês, de Karel Reisz (1981), em África Minha, de Sidney Pollack (1985), ou Julie & Julia, de Nora Ephron (2009).
Para dois exemplos de registos completamente diferentes, veja-se a implacável e extravagante editora de O Diabo Veste Prada, de David Frankel (2996) e a austera madre de A Dúvida, de John Patrick Shanley (2008).
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Desta vez, Meryl Streep está nomeada com Florence Foster Jenkins, o filme de Stephen Frears que nos conta a história verdadeira de uma socialite norte-americana (1868-1944) apaixonada pela música, que usava a sua fortuna pessoal para montar espetáculos na cidade de Nova Iorque, mas que insistia numa carreira como cantora de ópera quando, na realidade, não tinha qualquer talento para tal. A história da "pior cantora de ópera de mundo", como lhe chamavam, pode fazer-nos doer os ouvidos mas também nos comove e faz sorrir.
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No próximo domingo, Meryl Streep poderá ganhar mais um Óscar. Concorre com Isabelle Hupert (Ela), Ruth Negga (Loving), Natalie Portman (Jackie) e Emma Stone (La La Land: Melodia de Amor). E, se ganhar, é claro que não vai fazer nenhum discurso politicamente correto, antes aproveitando o microfone para dizer o que pensa do atual presidente americano. Trump que se prepare.
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