VTEX tem dezenas de vagas em aberto: "Estamos a olhar para Portugal com bons olhos"

Tecnológica brasileira quer terminar 2021 com uma equipa de 40 programadores no mercado nacional
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Cinco meses depois de abrir escritório em Lisboa, a multinacional brasileira de tecnologia VTEX está num processo sistemático de contratação no mercado português. A empresa, especializada em comércio eletrónico, tem 25 vagas para ocupar até ao final do ano e procura sobretudo talento na programação, para trabalhar no desenvolvimento de produto.

"É a primeira vez que a VTEX tem uma equipa de produto fora do Brasil", explicou ao Dinheiro Vivo Daniela Jurado, diretora da VTEX para a Europa Ocidental. "Portugal é um país que está a inovar nesse sentido, principalmente pela atração de talento que vimos que o país pode gerar", continuou. "Há muita gente a sair da universidade e a procurar empresas desafiadoras e inovadoras. A VTEX encaixa bem nesse perfil do que o programador português está à procura."

A tecnológica, que atingiu o estatuto de unicórnio e em julho passado entrou em bolsa, oferece uma plataforma de comércio eletrónico para que as marcas possam vender online. Segundo descreveu Daniela Jurado, a fornecedora "resolve cenários complexos para os clientes de forma fácil, pelo facto de oferecer muitas funcionalidades prontas a usar ou nativas na plataforma." Por exemplo, todos os cenários omnicanal que surgiram por causa da pandemia de covid-19, como comprar online e levantar na loja ou pedir para entregar num cacifo, estão disponíveis à partida na plataforma. "Com outra solução o cliente vê-se obrigado a conectar-se a fornecedores terceiros, a gerir integrações, e a pagar um preço mais alto", disse Jurado.

A outra componente que tem justificado o crescimento da empresa é a possibilidade de os clientes usarem open source para customizarem a sua utilização da plataforma, por exemplo, com aplicações próprias. "Hoje somos a única plataforma que consegue unir essas duas qualidades numa única opção", disse a responsável.

No mercado português, embora o comércio eletrónico ainda esteja atrasado em relação aos pares europeus, a VTEX identifica oportunidades ao nível do talento, do ecossistema e do mercado comercial. Foi por isso que contratou um novo diretor de vendas para o país, Thiago Borba, que irá explorar as oportunidades comerciais.

"Estamos a olhar para Portugal com bons olhos e queremos ser uma opção para grandes empresas que querem investir nesse período de transformação digital", afirmou Daniela Jurado.

A tecnológica pretende fomentar o ecossistema e contratar pessoas que ajudem a desenvolver novos parceiros, a ensinar esses parceiros a implementar VTEX, e a converter profissionais em especialistas em comércio digital. "Vamos apostar muito nisso nos próximos quatro anos."

Em termos comerciais, apesar da dimensão reduzida do mercado nacional, o interesse no comércio eletrónico cresceu bastante durante a pandemia de covid-19 e a VTEX pretende capitalizar na tendência.

"Vemos um mercado que está a olhar para fora, a ver o que os outros países estão a fazer e está a começar a investir. Vemos supermercados em Portugal a fazerem investimentos importantes na parte tecnológica. No segmento de moda também", descreveu a responsável. Alguns dos clientes mais importantes que a VTEX tem no país são a Quebramar, Philips e MedicalShop. "É um mercado que oferece muitas oportunidades porque a taxa de penetração vem crescendo", salientou.

Um dos novos argumentos da VTEX será uma parceria com a plataforma de pagamentos Stripe, que é oficialmente anunciada hoje. Daniela Jurado explicou que esta integração vem como resposta aos pedidos das marcas, que estão à procura de mais opções e meios de pagamento numa altura em que o comércio eletrónico continua a crescer.

"Estamos a falar de um meio de pagamento com uma taxa de crescimento muito alta e sobretudo com uma oferta muito ampla", disse Jurado, sobre a Stripe. "Hoje, o que os clientes mais pedem é opções. Querem a opção de testar, e se houver um problema poderem desligar um meio e ligar o outro."

Mesmo que as taxas de crescimento do e-commerce não atinjam os picos que registaram nos piores momentos da pandemia, a procura continua elevada e o crescimento ainda está em nível exponencial face a 2019. Em Portugal, os dados mostram um interesse continuado por parte dos consumidores finais: "Há pesquisas super interessantes que dizem que 40% das pessoas que compraram pela primeira vez durante a pandemia manifestaram que gostariam de continuar a comprar depois da pandemia, mesmo com a loja física aberta", referiu Jurado.

Esta é uma mudança importante num mercado que ainda está a anos-luz de outros mercados europeus, em termos de utilização e receitas de compras online. "Isso está associado a uma questão de cultura: se olharmos para as taxas de uso de cartão de crédito em Portugal ainda são muito baixas", notou Daniela Jurado. "Por isso há meios de pagamento, como o Meo Wallet, que são muito necessários."

No entanto, a diretora ressalvou que o comércio eletrónico ainda é incipiente em todo o mundo quando comparado com os volumes das compras nas lojas físicas. "Temos o preconceito de que noutros países a taxa de penetração é muito alta, e não é", frisou. "Na verdade, o e-commerce é uma sementinha no mundo inteiro. A América Latina é a região que mais cresce em termos de e-commerce, 36% ao ano, mas se olharmos para a taxa de penetração não chega a 15%. Há um espaço enorme ainda para crescer."

E agora há mais vontade, também. Em Portugal, o nível de respostas dos potenciais clientes disparou no último ano. "As pessoas estão muito mais abertas, até porque a oferta tecnológica em Portugal é baixa", considerou. "Há três ou quatro opções de plataforma de e-commerce. Algumas são muito locais e não atendem empresas que querem globalizar e outras são o extremo em termos de custo e complexidade." A VTEX, argumentou, está num "sweet spot" que encaixa bem no perfil do mercado.

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