Foi buscar o nome à noz-moscada de um licor de ervas, teve como ponto de partida um projeto de turismo rural, mas hoje, com apenas três anos de atividade, apresenta-se como o maior produtor de sidra da Madeira. É a Quinta da Moscadinha, um espaço centenário situado na vila da Camacha que se quer afirmar no continente e dar a conhecer as várias referências que ali são produzidas. Daí a visita do proprietário e produtor Márcio Nóbrega e do chef Dúlio Freitas esta segunda-feira a Lisboa para um evento em que se vaõ provar alguns pratos do restaurante da quinta em harmonização com as sidras lá produzidas.Não é o “vinho dos pobres”, como foi chamada durante décadas, nem tão pouco o “xarope com açúcar e gás” que se vende por aí. “É uma sidra boa”, garante Márcio Nóbrega. O “sidrólogo” – é assim que se apresenta apesar de a palavra nem sequer constar do léxico nacional – diz que a sidra que produz na Quinta da Moscadinha é de qualidade, feita com as melhores maçãs, com capacidade para se tornar uma referência tão importante como o vinho da Madeira.. Na ilha existem, segundo conta, 134 variedades de maçãs, mais do que no continente dada a disparidade do terreno e do clima. Dessas, a quinta utiliza apenas cinco para produzir sidra de forma artesanal. “A mais doce, a mais ácida, a mais sumarenta, a mais adstrigente e a mais aromática”, especifica. O resultado são várias referências, com valores que oscilam entre os oito e os 60 euros, sendo a mais vendida a sidra espumante natural, por 14 euros. Todas elas, para beber frescas, como o vinho branco.. A produção, naquela que Márcio Nóbrega diz ser a primeira unidade de “sidroturismo” do país, iniciou-se há apenas três anos, com duas mil garrafas. Atualmente, já com 14 medalhas em concursos internacionais, saem dali 35 mil garrafas. Um salto que acompanha o crescimento do mercado de sidras, potenciado pelas gerações mais novas. “A sidra tem baixo teor calórico e alcoólico”, justifica o produtor. No continente ainda só é possível adquirir as sidras da Quinta da Moscadinha no distribuidor ou em certas garrafeiras mas em breve o leque de pontos de venda deverá aumentar. Esse é um dos projetos para o futuro, bem como a construção de uma adega maior e de dez novas villas na quinta.Aliás, foi pela vertente do turismo rural que começou o projeto. Mas, levado pela nostalgia da população local da Camacha com que se deparou quando começou a arrancar pela raíz as árvores abandonadas, decidiu voltar a fazer daquela região o pomar da ilha, tal como era nos anos 1950/60. A Quinta, num cenário tranquilo, com jardins, a cerca de 15 minutos do Funchal, disponibiliza 11 quartos, cada um com o nome de uma das ervas que compõem o licor Moscadinha, outro negócio da família.No restaurante Adega do Pomar, liderado pelo chef Dúlio Freitas, serve-se comida tradicional de todo o país, sem esquecer as iguarias das ilhas, desde o leitão, à cabidela, passando pelo bacalhau do Algarve, pelas migas alentejanas ou pela alcatra dos Açores.. Para conhecer melhor o projeto, são ali promovidas visitas guiadas à sidraria e à adega e, anualmente, o evento Sidra em Brasa, onde se cruzam o fogo, os melhores chefs madeirenses, música e sidra.