Herdade da Lisboa: vinhos que expressam a Vidigueira

A renovada herdade da família Cardoso apresenta três novos vinhos: Alvarinho, Cabernet Sauvignon e Baga, provenientes de uma casta que se destaca e surpreende na vinha.
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"A ideia é fazer vinhos que expressam a Vidigueira e que nos remetem ao certo para as origem das castas", diz o enólogo Ricardo Silva no decorrer de uma prova de vinho na Herdade da Lisboa, lugar da Família Cardoso no Alentejo.

Tudo começou com o azeite. No Ribatejo. Quando procuravam expandir a produção tomaram a decisão de se dedicarem também aos vinhos. E chegaram ao Alentejo e ao Douro. Na Herdade da Lisboa, situada na Vidigueira e propriedade da Família Cardoso desde 2011, foi feito um investimento em 2017, com o intuito de construir a adega de raiz com três pisos, agora renovada pela mão do arquiteto César Ruivo e da designer de interiores Nini Andrade Silva. Espaço que agora também se encontra aberto para visitas e provas de vinhos com preços entre 70 e 150 euros.

Os três novos vinhos apresentados pela Herdade da Lisboa são apenas de coleção e seguem a regra da melhor casta. A equipa de enologia da adega tenta identificar a casta que mais se destaca, que se exprime e que surpreende durante o seu percurso na vinha. Procura sempre uma casta branca e duas tintas, uma para vinho tinto e outra para Rosé.

"Pretendemos provar que é possível na Herdade da Lisboa, com diferentes anos e com diferentes castas, termos sempre vinhos de excelência", explica o enólogo da casa. "Tive liberdade criativa para criar vinhos novos. Essencialmente o que pretendemos aqui são vinhos que expressam a Vidigueira", acrescenta Ricardo Silva. Segundo o enólogo, os solos xistosos e o clima imprimem uma frescura própria nos vinhos.

O vinho Herdade da Lisboa Alvarinho 2020 pretende relembrar o Alentejo, de onde são as castas. A frescura do Alvarinho é conseguida com a mineralidade dos solos de xisto. A fermentação deste vinho é realizada em barricas de carvalho francês de 500 litros durante 20 dias, depois a fermentação alcoólica estagia durante seis meses. "Queremos que os vinhos expressem mais autenticidade e isso só se consegue com temperaturas de fermentação mais elevadas", explicou o enólogo. Segundo Pedro Branco, enólogo da Quinta do Reguengo, outra propriedade da família Cardoso situada no Douro, enquanto faziam experiências para este vinho, reparou-se que de um copo para o outro era percetível a diferença nos sabores destes.

O novo vinho Herdade da Lisboa Rosé Baga 2020, um dos favoritos entre os presentes na prova, é um vinho "à moda dos grandes Rosés do mundo", refere o enólogo Ricardo Silva. A fermentação é feita numa barrica usada, com cerca de sete ou oito anos. A baga utilizada é intensa, criando a sensação de cremosidade na boca com toque ácido, mas também fresco. As uvas deste vinho são arrefecidas durante 24 horas a 10º graus e é usada a técnica Blanc de Noirs. O engarrafamento é recente, data de junho de 2022.

Foi a criação do vinho tinto Herdade da Lisboa Cabernet que levou a maiores preocupações por parte da equipa da Herdade. O objetivo era criar um Cabernet maduro, mas sem ser quente. Este vinho tem um sabor forte e marcado que permanece na boca.

Foi ainda apresentado o vinho Trincadeira da Paços dos Infantes. Apesar de provir de uma casta difícil de trabalhar, a Trincadeira já foi anteriormente produzida pela Herdade da Lisboa. Com ligeiro toque exótico, consegue transportar-nos para o verdadeiro Alentejo. "É aquele vinho que nós acabamos de beber um copo e temos vontade de voltar a ele", considerou o enólogo durante o almoço na Herdade. A fermentação alcoólica foi realizada com recurso a temperatura controlada, seguindo para um estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês de 500 litros.

Estes vinhos destacam-se pelo traço de frescura sempre presente. "Tentamos intervir o menos possível para a casta se mostrar", explica.

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