Gaveto encheu-se de cenouras e champanhe na apresentação dos novos Krug
FOTO: RUBEN GAMEIRO

Gaveto encheu-se de cenouras e champanhe na apresentação dos novos Krug

A única embaixada da marca, em Portugal, voltou a abrir as portas a um evento exclusivo onde a qualidade da maison francesa esteve em destaque
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Foi numa noite relativamente amena de novembro que o restaurante Gaveto, em Matosinhos, recebeu um dos lançamentos mais aguardados do ano para os apreciadores de vinhos espumantes: a chegada ao mercado nacional do Krug Grande Cuvée 173ème Édition e do Krug Rosé 29ème Édition.

Os Grande Cuvée nascem sempre uma mistura de mais de 120 parcelas de vinhos guardados individualmente de mais de 10 anos diferentes e são, segundo a própria marca, a expressão máxima daquilo que era a visão e o conhecimento de Joseph Krug, que fundou a maison Krug em 1843. Aquele que agora chegou ao mercado nacional foi produzido a partir de 150 vinhos, de colheitas de 13 anos diferentes, sendo o mais antigo de 2001 e o mais recente de 2017. Passou pelo menos 7 anos nas caves da Krug, e tem um elevado potencial de envelhecimento. Que é como quem diz: está ótimo para se beber agora, mas ainda melhor se o provar daqui a mais uns anos.

Já os rosé são também resultado da junção de vários anos – neste caso, 29 vinhos de cinco anos diferentes, entre 2010 e 2017 – e distinguem-se pelos aromas a frutos vermelhos, boa acidez e um final longo e tenso. Este, em particular, tinha um travo a toranja muito distintivo.

Jérome Jacoillot, Vine and Wine Manager da Krug, salientava o desafio – e o privilégio – de “continuar a fazer viver a ideia de Joseph Krug nos vinhos da marca”. Para o responsável, que integrou a maison em 2013, o mais divertido é ter à sua disposição centenas de vinhos que permitem chegar ao resultado final, depois de longos períodos de prova e de muitas notas tomadas ao longo do percurso.

RUBEN GAMEIRO

Não raras vezes, a maison Krug associa-se a músicos que compõem obras específicas para cada Grande Cuvée, porque a marca acredita que os seus vinhos são, pelas suas especificidades, uma sinfonia. A experiência de ouvir  a música composta para uma determinada edição de Krug é, na verdade, muito curiosa.

Num jantar que foi pensado em redor da cenoura – a Krug realiza, nos vários mercados em que tem presença, um evento anual chamado ‘Krug in the Kitchen’, em que desafia os cozinheiros das suas embaixadas (o Gaveto, neste caso) a criar um menu em torno de um ingrediente único, para harmonizar com os seus vinhos – provaram-se várias referências.

Para além dos dois novos vinhos – que acompanharam o Amuse-Bôuche (Grande Cuvée) e o lombo de boi com micro-cenouras (Rosé), a Krug levou ainda para a mesa os Grande Cuvée 163éme e 170éme editions. Todos eles se comportaram impecavelmente com os pratos desenhados pela equipa d’O Gaveto, mas a grande estrela da noite acabaria por ser um Krug 2011. Num ano que foi particularmente difícil para a região de Champanhe, sobretudo devido a questões climáticas, o Krug 2011 aparece como uma espécie de prova de que quando se tem os melhores a fazer vinho, tudo é possível: as garrafas de 3 litros (jeroboam) que foram abertas, que promovem um envelhecimento menos acelerado e mais tranquilo, em linguagem, simples, revelaram um vinho extremamente aromático, com uma complexidade profundamente elegante, e com aromas de brioche, flores secas e uma particular nota fumada no final. Foi, precisamente porque acompanhou a sobremesa, a verdadeira cereja no topo do bolo.

Os vinhos feitos em Champagne só podem utilizar, pelas regras, sete castas: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier (as três mais utilizadas e que ocupam cerca de 99% da área plantada da região), Pinot Blanc, Pinot Gris, Petit Meslier e Arbane. Isto significa que os enólogos da região têm menos margem de manobra quando as condições de um ano em particular não são as melhores, para conseguir resultados de topo. E, se por um lado, a opção de usar várias colheitas para uma única referência, tenta mitigar essas potenciais desvantagens, a verdade é que também cria outros desafios: muitas vezes, os enólogos que estão a fazer os vinhos deste ano, não tiveram nada a dizer aquando da vindima dos vinohs que vão utilizar. Para Jêrome, esse jogo faz parte do encanto da Krug que, acredita, vai continuar a garantir o seu lugar cimeiro entre os melhores champanhes do mundo.

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