Arte a alta velocidade

Arte a alta velocidade

Foi apresentado, em Paris, o mais recente projeto da BMW Art Cars. À 20.ª edição a marca alemã convidou a artista afro-americana Julie Mehretu para que intervencioneos automóveis que vão competir nas 24 Horas de Le Mans.
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Roy Liechenstein, Andy Warhol, Jeff Koons, David Hockney e Olafur Eliasson têm em comum não só serem artistas reconhecidos, mas todos, a certa altura, pintaram um carro. Sim, modelos especiais a convite da BMW. Tudo começou em 1975 quando o escultor Alexander Kalder fez a sua intervenção num BMW 3.0 CSL - a ideia partiu do ex-piloto francês Hervé Poulain, que sempre defendeu que o automobilismo e as artes deviam estar ligados.

Desde então, o projeto Art Cars da BMW não parou de convidar nomes importantes da arte contemporânea: os nomes indicados no início deste texto são apenas alguns de um total de 20 artistas que nos últimos 40 anos, já colocaram a sua criatividade em modelos especiais da marca alemã.

A mais recente intervenção da Art Cars foi apresentado esta semana em Paris. No Centro Pompidou (que irá fechar em 2025 para obras de renovação que irão durar cerca de cinco anos), foi apresentada a intervenção artística criada pela pintora Julie Mehretu num M Hybrid V8, automóvel que vai competir na próxima edição das 24 Horas  de Le Mans (a 15 de junho) na categoria de hypercars conduzido pelos pilotos Sheldon van der Linde, Robrin Frijns e René Rast - como nota, em pista os veículos podem atingir velocidades máximas de 330km.

No hall da entrada do museu, centenas de convidados e jornalistas de várias partes do mundo estiveram presentes para ver em primeira mão o trabalho criativo de Mehretu. A artista explicou que usou a cor e a forma da sua pintura Everywhen (2021-2023) - atualmente em exibição em Veneza - como ponto de partida para a pintura que fez no M Hybrid V8. Um processo altamente detalhado para que nada da intervenção seja um obstáculo para a performance  dos automóveis em pista - e seguindo as normas da Federação Internacional Automóvel (FIA).

Segundo Mehretu o seu desenho foi desenvolvido com o seu traço característico (grelhas de pontos e cores fluorescentes) através de tecnologia 3D e com modelos em menor escala e depois transposto para os modelos que vão correr em Le Mans. “A intervenção no carro não terminou com a minha pintura, só ira cessar quando os carros terminarem a sua corrida em Le Mans, com todas as marcas que a corrida vai acrescentar nos veículos.”

A americana nascida em Adis Abeba

A pintora abstrata nascida na Etiópia, em 1970, é uma das mais aclamadas da pintura contemporânea. Mudou-se com a família para Nova Iorque quando tinha 7 anos, atualmente vive entre aquela cidade dos EUA e Berlim.

Mehretu tem recebido vários prémios nos últimos anos, tendo as suas obras sido exposta em diversos  museus nos Estados Unidos (Los Angeles, Michigan, Atlanta e Minneapolis) e na Europa (Veneza). A artista é membro da Academia de Artes e Letras dos EUA.

As colaborações da artista não se ficam pela intervenção no automóvel. Numa conferência de imprensa, ainda em Paris, no dia seguinte ao desvendar da pintura de Julie Mehretu, foi anunciado o seu apoio a uma série de workshops para realizadores africanos em várias cidades de África, em parceria com a produtora etíope (nomeada para um Emmy) Mehret Mandefro, e que irá culminar com uma exposição conjunta no Museu Zeitz, na Cidade do Cabo, na África do Sul, em data a anunciar.

Até lá, podem ver a arte de Julie Mehretu em alta velocidade na próxima edição das 24 Horas de Le Mans.

*O jornalista viajou para Paris a convite da BMW

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