A idade da irreverência para o novo smart #1
Na era das redes sociais e da partilha imediata de vídeos e imagens, a smart surge de "cara lavada" para a idade da irreverência. O símbolo # ("hashtag", em alusão às redes sociais) associa-se ao algarismo 1 para o simbolismo de entrada numa nova fase da smart, agora como marca independente depois de ter sido firmada uma "joint-venture" entre a Mercedes-Benz e a chinesa Geely. Pode-se assumir também que o #1 é o primeiro de uma nova leva de automóveis a serem lançados pela smart nos próximos anos. Como não poderia deixar de ser, o primeiro esforço teria de seguir a tendência dos SUV que é cada vez mais predominante mundialmente.
O novo smart beneficia então do conhecimento e experiência em mobilidade elétrica da Geely, envolto no ADN e herança de design da Mercedes-Benz, embora a estética deste #1 não deixe de ser revolucionária, a começar pela postura SUV com a maior altura ao solo e jantes de grandes dimensões (19 polegadas), mas também pelas muitas superfícies arredondadas que, tipicamente na era dos elétricos, obedece às necessidades da aerodinâmica. Outro exemplo dessa mesma dependência está nos puxadores retráteis das portas. A iluminação exterior fica a cargo da tecnologia LED (podendo mesmo receber sistema Matrix LED na dianteira), enquanto a nova plataforma SEA "empurra" as rodas para as extremidades da carroçaria, o que lhe permite registar uma distância entre eixos de 2750 mm (comprimento total de 4270 mm), com claro benefício na habitabilidade.
Ao primeiro contacto, sobressai a qualidade de construção, mesmo tratando-se de unidades de pré-produção, logo passíveis de apresentar pequenas imperfeições. Neste caso, não notámos qualquer exemplo disso, tanto por fora, como por dentro, onde o ambiente é bastante jovial e cuidado. Partindo por aqui, há uma subida muito evidente na qualidade dos materiais utilizados, sobretudo naqueles mais à vista na parte superior do tablier. Os espaços de arrumação também são mais vastos.
A posição de condução é elevada, como convém num SUV tendencialmente urbano, mas há boa amplitude de afinações para o banco e para o volante, valendo a pena notar que os espelhos retrovisores se ajustam a partir do grande ecrã tátil central de 12.8 polegadas em posição muito elevada (embora com atalho "lançado" no ecrã quando o condutor ajusta o seu banco eletricamente). Já o painel de instrumentos mede 9.2 polegadas, não sendo um suprassumo da personalização, mas oferecendo todas as informações indispensáveis, sendo complementado pelo sistema head-up display de 10".
Mais interessante é a abordagem do sistema de infoentretenimento, que foi totalmente desenvolvido pela smart em parceria com a ECARX (especialista em integração de software e hardware), sendo o grande centro de controlo de praticamente todas as funções do #1. Embora muitas funcionalidades não sejam propriamente inovadoras, o grafismo e a interação representam uma lufada de ar fresco no segmento, como é disso exemplo a escolha da raposa como um avatar gráfico para representar a assistente pessoal que nos ajuda após o comando vocal que permite, entre outras coisas, abrir ou fechar as janelas e ativar o ar condicionado. Todas as funcionalidades serão atualizadas ao longo dos anos por via remota. Poderá não agradar a todos, mas tem a ousadia de tentar algo diferente.
De base, o #1 estreia sistema elétrico de última geração, com motor de 200 kW/272 CV que transmite a potência às rodas traseiras, com 343 Nm de binário máximo. Acelera dos zero aos 100 km/h em 6,7 segundos e atinge uma velocidade máxima de 180 km/h, prestações que já remetem o #1 para um nível muito elevado de agilidade e de competências de condução. No primeiro contacto na apresentação internacional, em Lisboa, este novo SUV demonstrou um equilíbrio excelente tanto em mau piso, como em estradas mais sinuosas, sendo até divertido no sentido em que a entrega imediata da potência e a boa afinação do chassis dão espaço para outras veleidades, sobretudo quando ativado o modo de condução mais desportivo ("Sport"). No polo oposto, o modo "Eco" torna as respostas mais tranquilas e foca-se na maximização da autonomia que, graças à bateria de 66 kWh, consegue percorrer entre os 420 e os 440 km com uma única carga em ciclo misto WLTP.
Mais surpreendente é o #1 Brabus, versão mais desportiva com 315 kW/428 CV de potência e 543 Nm de binário graças à adição de um segundo motor elétrico no eixo dianteiro, o que lhe permite dispor de tração às quatro rodas. Na prática, oferece prestações que, até há alguns tempos, eram exclusivas de superdesportivos, nomeadamente no que diz respeito à aceleração, demorando apenas 3,9 segundos a acelerar dos zero aos 100 km/h.
O novo #1 estará disponível em três linhas de equipamento, com diverso equipamento de série relevante logo no Pro+, com preço base de 40.950€. A linha Premium terá um preço de partida nos 44.450€, ao passo que o Brabus terá um preço de 48.450€.
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