Uggs e moda confortável, não há vacina para esta tendência

No mais inesperado dos anos, ficaram para trás os fatos e gabardines e abriu-se espaço para as calças desportivas. Veio para ficar.
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Se as skinny jeans já tinham um duro caminho a percorrer no início de 2020, a pandemia deixou-as nos cuidados intensivos. Adeus modelos justos, olá modelos largos e materiais confortáveis. E mais: adeus saltos-agulha, olá plataforma e ténis. Conforto é palavra a reter quando se fala de tendências de moda para este ano. Da cabeça aos pés - e comecemos por aí.

Um dos mais badalados casos de conforto e design que parece ter sido feito a pensar em dias de confinamento são os chinelos/sandálias de pelúcia da Ugg (100 dólares/ 80 euros), que dão nas vistas e se tornaram fétiche da imprensa especializada. Outro modelo da mesma marca, o Coquette (120 dólares, 98,61 euros), com a tradicional lã de ovelha no rebordo, se transformou num inesperado best seller. Com eles, a Ugg, fundada no final dos anos 70 na Califórnia por um surfista australiano e um amigo, ganhou um novo fôlego.
A pandemia aumentou notoriedade e vendas, mas é da estratégia dos últimos anos que é preciso falar, segundo o The New york Times, que se dedicou a aprofundar o caso. Andrea O"Connell, presidente da companhia, associu as Ugg a um design mais experimental e a pandemia está a recompensar o esforço, mantendo-a aspiracional e acessível.

À distância de quase um ano de pandemia, percebe-se nitidamente o mundo de diferença entre o que os designers, marcas e influencers acharam que ia ser a moda e o que ela realmente foi em 2020 (e continuará a ser em 2021). Exemplos, a partir de uma análise do Refinery29: ia ser o ano das gabardines e dos calça, casacos inspirados nos anos 70 e vestidos tipo lingerie. Sobreviveram, notam, estes últimos. Percebe-se. 2020 foi um bom para todos os tipos de pijama e homewear.
De resto, outra tendência que se impôs nó último ano foi esta: profissional da cintura para cima, casual da cintura para baixo. É o que faz com que o que outrora foi um pecado de lesa Chanel se tenha tornado o certo: o look zoom - blazer com calças de jogging ou ioga. O Well+Good diz que a aquisição de calças desportivas subiu 79 por cento e uma análise empírica das app das lojas de grande consumo permitiam concluir o mesmo: abriam com camisolas e calças confortáveis em tons naturais.
No entanto, em defesa da moda e da criatividade, a Refinery29 nota que a categoria Athleisure já tinha muitos adeptos antes da pandemia de covid-19, como podem testemunhar todos os "ténis feios" do mundo, fatos de treino completos e, lembram, o Tie Dye, que tinha começado a aparecer em 2018, mas que até 2020 não tinha sido aceite por aquela vasta minoria que põe um item na moda.


Um outro dado vem provar a teoria de que a moda confortável não chegou com o novo coronavírus: não foi a pandemia que criou a secção active wear das lojas - online e offline - ela só ficou maior (e é lá que a Gucci destaca estas calças-camisa-pullover sem mangas).
2021, diz a imprensa especializada e confirmam as medidas de confinamento que estão a ser aplicadas em Portugal e lá fora, continuará a ser um bom ano para usar um blazer com um hoodie sem parecer que se saiu de casa à pressa, será um ano de tops, camisolas largas (a da foto é Bimba y Lola, 140 euros), camisas-casaco em xadrez (enquanto não chega a primavera e o tempo mais quente) e calças desportivas. Largas ou não. Coloridas ou não. E, segundo os mandamentos do clã Kardashian, em veludo.

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