Revelado o acordo de confidencialidade entre Ronaldo e Mayorga
Com a data de 12 de janeiro de 2010, o alegado acordo entre Cristiano Ronaldo, de 33 anos, e a mulher que o acusa de violação foi revelado na íntegra pela revista alemã Der Spiegel. O documento prevê o silêncio de Kathryn Mayorga sobre o que aconteceu na noite em que conheceu o jogador português em Las Vegas mediante um pagamento de 375 mil dólares (cerca de 324 mil euros).
O acordo secreto é assinado pelo jogador da Juventus, identificado no documento como "senhor D", e pela norte-americana, referida como "senhora P", sete meses após a noite em que os dois terão estado juntos na penthouse do hotel Palms, em Las Vegas, a 13 de junho de 2009. Nove anos depois, Mayorga acusa o jogador português de a ter violado no quarto daquela unidade hoteleira, depois de terem estado juntos numa discoteca.
O documento de três páginas determina que a norte-americana mantenha o silêncio sobre o que aconteceu naquela noite de verão e que não revele a identidade do alegado agressor sexual, mediante o pagamento de 375 mil dólares. O acordo determinava também que Kathryn Mayorga, hoje com 34 anos, deveria retirar quaisquer acusações criminais" contra o português.
"As partes e conselheiros concordam com (...) um acordo de não divulgação dos alegados eventos e eventos subsequentes, incluindo discussões com as autoridades e profissionais de saúde (e documentação que tenha resultado das mesmas)", refere o acordo entre o futebolista e a norte-americana, uma professora primária. "Não obstante esta cláusula de não divulgação, a senhora P. tem permissão para divulgar os alegados eventos aos prestadores de cuidados dela desde que não divulgue a identidade do senhor D", lê-se no documento.
Ficaram também asseguradas questões relativas à saúde da alegada vítima de violação. "O senhor D concorda que no caso de o teste de doenças sexualmente transmissíveis da senhora P, até 14 de junho de 2010, dar positivo e for notificado disso, deverá, em 30 dias, fornecer à senhora P um exame médico para DST obtido depois de 12 de janeiro de 2010", refere o documento.
"As partes acordam que a senhora P vai escrever uma carta para o senhor D (que não esteve presente em pessoa na mediação) que deverá, como condição para o acordo, ser lida ao mesmo pelo seu advogado português, o senhor Osório de Castro, que deverá depois garantir à senhora P que a mesma carta foi, de facto, lida ao senhor D", determina o acordo.
Mayorga tem agora novos advogados que colocam em causa o acordo que assinou em 2010. Argumentam que, na altura, a mulher estava psicologicamente debilitada para assinar o acordo e foi coagida a aceitar o estabelecido no documento. Além disso, descrevem a advogada que a aconselhou em 2010 como inexperiente.
O acordo foi, no entanto, assinado, e em troca de dinheiro Mayorga teria de destruir todas as provas do que acontecera naquela noite em Las Vegas, fazer uma lista de todas as pessoas a quem falou sobre o que aconteceu e nunca mais dizer uma palavra sobre o que terá acontecido no quarto de hotel, onde diz ter sido forçada a fazer sexo anal com Cristiano Ronaldo.
"Ao mesmo tempo que a senhora P entrega ao senhor D uma cópia do acordo final, ela deverá também entregar o certificado de que destruiu ou eliminou permanentemente qualquer acordo e outros materiais eletrónicos ou escritos gerados ou recebidos como resultado dos alegados eventos, exceto para revelar a provedores de cuidados de saúde, numa base de necessidade de conhecimento, informações relativas à sua condição e lesões, mas sem nunca divulgar a identidade do Senhor D", estabelece o acordo agora divulgado.
O caso foi divulgado pela primeira vez no ano passado pela Der Spiegel, sendo que na altura a identidade das pessoas envolvidas não foi revelada. No final de setembro, a revista alemã publicou uma entrevista a Kathryn Mayorga, que relata a sua versão dos acontecimentos na noite de 12 de junho de 2009 e na qual acusa o jogador português de a ter violado.
Ainda em setembro, a polícia de Las Vegas confirmou a reabertura da investigação de uma denúncia de assédio sexual. "A Polícia Metropolitana de Las Vegas respondeu a uma denúncia de agressão sexual em 13 de junho de 2009. No momento em que a denúncia foi feita, a vítima não forneceu aos detetives a localização do incidente ou a descrição do suspeito. Um exame médico foi realizado. A partir de setembro de 2018, o caso foi reaberto e nossos detetives estão a acompanhar as informações fornecidas pela vítima. Esta é uma investigação em evolução e mais nenhum detalhe será dado neste momento", lê-se no comunicado da polícia.
No passado dia 4 de outubro, os advogados da norte-americana explicaram, em conferência de imprensa, o processo que está a ser movido contra o internacional português. A defesa de Mayorga apresentou 11 queixas contra Cristiano Ronaldo, entre as quais coação, abuso de pessoa vulnerável e inflação intencional de stresse emocional.