Tomás, 12 anos. Estava a fazer um trabalho para a escola e ganhou o prémio da Pordata
É a 4.ª edição do Prémio Inovação e as distinções atribuídas foram da categoria A, o que significa que os indicadores já existiam mas não estavam tratados a um nível tão pormenorizado e não constavam da base de dados da Pordata.
Tomás é o mais jovem vencedor do galardão e propôs o "grau de área ardida", que cruza a área ardida com a superfície do concelho. Permite concluir com certezas que o norte e o centro são as regiões mais fustigadas pelos incêndios, representando 90% do território ardido. E que, em 2017, cinco municípios viram reduzidos a cinzas dois terços da superfície. São eles Pedrógão Grande (78%), Oliveira do Hospital (71%), Mação (69%), Figueiró dos Vinhos (68%) e Pampilhosa da Serra (67%).
"Quando concorri até pensava que não existia o indicador, que é muito importante para se conhecer o que os incêndios significam para uma região. Não encontrei esses dados. Andava à procura de informação para um trabalho de Geografia e vi o concurso da Pordata, faltavam quatro dias para terminar", conta Tomás. Era a cadeira do professor Jorge Ventura, que já não está na escola onde o rapaz estuda, a António Augusto Louro, no Seixal, mas deixou a sua marca.
Disse aos pais que pretendia concorrer e estes só lhe perguntaram se a idade não era um obstáculo. "Não era e dissemos que valia até pela experiência", lembra a mãe, Ana Isabel Carichas, técnica do Instituto de Apoio à Criança. O pai é Pedro Pereira, professor de Ciências Naturais.
O filho tem uma curiosidade do tamanho do mundo, que não só procura na internet mas também nos livros e nas conversas em família. No ano passado leu toda uma enciclopédia sobre a Segunda Guerra Mundial, por exemplo. É o responsável para que se tire o pó a muitos dos livros que estão na biblioteca escolar, brinca o pai. Além da Estatística, gosta de Economia, Geografia e História, não sabendo ainda qual é a especialidade escolhida no ensino superior.
O que os pais lhe incutem é que o mérito é premiado e que, se trabalhar para ser bom aluno, pode escolher o curso que quiser. Conselho que o rapaz segue, está no 9. ano e só tem cincos, menos a Educação Física e a Educação Visual, em que tira 4.
Faz anos em outubro, o que significa que iniciou o ensino primário com 5 anos. E, como diz a irmã Beatriz, de 10, "não sabe nada do 2.º ano" porque passou do 1.º para o 3.º, dada a facilidade de aprendizagem revelada.
Tem telemóvel mas para usar em situações excecionais, há um tablet em casa que ele também usa e PlayStation? "Ainda não", responde numa indireta aos pais que o acompanham no almoço do Clube de Jornalistas, hoje, depois da entrega do Prémio Pordata Inovação.
Almoça ao lado do segundo grupo de premiados, três investigadores do Núcleo de Estudos em Ciências Empresariais (NECE) da UBI, e que logo o tentam puxar para a Economia. O prémio é uma estatueta.
Daniel Pais, 23 anos, em doutoramento na UBI, Tiago Afonso, 26 anos, também a fazer o doutoramento e assistente na universidade, e o orientador de ambos, António Marques, 50 anos, doutorado e professor na mesma instituição, afinaram o indicador Intensidade Carbónica por Setor da Atividade (ICSA), que avalia a quantidade de gases com efeito de estufa por cada euro produzido. Quer isto dizer que um setor pode ter bons resultados a nível produtivo mas contribuir mais negativamente para as emissões de dióxido de carbono (GO2eq).
As emissões de GEE (gases com efeito de estufa) diminuíram 5% entre 1995 e 2015, enquanto a riqueza produtiva pela economia portuguesa duplicou. É uma boa evolução, mas que não se refletiu da mesma maneira em todos os setores da atividade. A Agricultura e Pescas aumentou em 4,3% o ICSA, tendo sido o único a registar uma subida.
A Eletricidade, Gás e Vapor, a Captação, Tratamento e Distribuição de Água e Agricultura e Pescas representam 6,4% do PIB, mas são os setores com maior Intensidade Carbónica.
Os Serviços, à exceção dos Transportes, representam 70% do Valor Acrescentado Bruto (riqueza gerada na produção, descontando o valor dos bens e serviços consumidos para a obter, como as matérias-primas) e apresenta uma baixa Intensidade Carbónica, apenas 39 toneladas de CO2eq por milhão de euros do VAB.
"O problema é que, quando olhamos a economia como um todo, escapam as áreas onde devemos intervir, as medidas não devem ser gerais mas específicas", defende António Marques. Com o IC é possível ter intervenções mais cirúrgicas. Uma das propostas que fizeram para o concelho onde estão sediados, a Covilhã, é que os novos licenciamentos para a construção de edifícios passem a exigir a colocação de um carregador elétrico em cada construção.
Aqueles foram os projetos distinguidos em 2018. E, para 2019, os seus autores prometem concorrer com novos indicadores.