Maioria dos portugueses interessados em práticas de lazer erótico
Quando questionados sobre o que pensam quando lhes é referido esse tipo de práticas, a maioria associa curiosidade e interesse, sendo que apenas 3,4% e 3,5% falam de vergonha e de leviandade, respetivamente, revela um inquérito da tese de doutoramento "Lazeres eróticos e sexuais - práticas, consumos e perceções da população portuguesa", de Catarina Nadais.
Os que revelam mais interesse em participar ou conhecer produtos e serviços eróticos e sexuais são jovens, sendo que, dentro do estado civil, estão em maioria os solteiros e divorciados.
Quanto à prática ou compra efetiva de serviços e produtos deste setor, a atividade mais referida pelos inquiridos são as 'sex shops' (38,7%), seguido de programas de canais para adultos (36,7%) e motel (25,5%).
Entre as atividades com menor participação estão o cruzeiro de solteiros (0,8%), 'bodysushi' (0,9%) e o 'speed dating' (1,2%).
A classe social mostra-se determinante no nível de conhecimento da maioria dos serviços e produtos, seja nos encontros às cegas, 'speed dating', 'sites' de infidelidade, festivais eróticos ou de 'swing', entre outros, sem que haja depois diferenças ao nível da percentagem de participação.
Os motéis são mais conhecidos pelo grupo etário entre os 31 e os 59 anos e pertencentes a uma classe social alta.
Do inquérito realizado, 80,9% consideraram que não havia divulgação ou promoção das atividades de lazer erótico e sexual.
Para Catarina Nadais, Portugal ainda "é uma sociedade conservadora", que não entende estas práticas "como normais", em que é difícil assumir sequer que se recorre a este tipo de serviços ou produtos.
"Normalmente, é mais fácil lidar com a situação, com o desconforto ou com o tabu, quando há uma quase infantilização da prática", disse, apontando para as despedidas de solteiro como um exemplo em que essa infantilização acontece.
Apesar disso, nota que o interesse e curiosidade dos inquiridos neste tipo de práticas mostram que, à partida, haverá hoje "uma maior abertura da sociedade a estas práticas".
"A internet e a comunicação social também ajudam, ou as revistas femininas que apresentam estas práticas de forma acessível, descomplexada e praticável", referiu, apesar de admitir que ainda há "preconceito e tabu" quando o tema é este.
O estudo, sublinhou, "é um ponto de partida", até porque "não há trabalho sobre isto e não se conhece o mercado que existe", afirmou Catarina Nadais, referindo que é necessário também perceber não apenas as perceções da população mas também o outro lado, de quem oferece este tipo de serviços.