Lémures de Madagáscar estão ameaçados
Quase todas as espécies de lémures estão ameaçadas de extinção, indica um estudo do Grupo Especialista em Primatas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês). Das 111 espécies e subespécies de lémures conhecidas, todas elas exclusivas de Madagáscar, 105 estão sob ameaça.
O investigador Russ Mittermeier, do grupo Conservação da Vida Selvagem Global, destaca o "alto risco de extinção dos lémures únicos de Madagáscar" e salienta as graves ameaças à biodiversidade da ilha. "As espécies únicas e maravilhosas de Madagáscar são o seu maior ativo", disse à BBC.
Fatores como a destruição dos seus habitats na floresta tropical, na sequência de cortes e queimadas para fins agrícolas, a exploração ilegal de madeira, a produção de carvão e a exploração de minerais têm contribuído para a redução do número de espécies e subespécies. Acrescem a caça para consumo humano e a captura com o objetivo de servirem como animais de estimação.
"Cada vez mais vemos níveis insustentáveis de caça furtiva de lémures. Também temos vindo a assistir a uma caça comercial, provavelmente para restaurantes locais. Isto é um novo fenómeno para Madagáscar, uma vez que há mais de 15 anos não assistíamos a uma escala semelhante", disse o professor Christoph Schwitzer, da Sociedade Zoológica de Bristol, no Reino Unido, que também desempenha o cargo de vice-presidente do Grupo Especialista em Primatas da IUCN.
As conclusões podem ser alarmantes, mas o objetivo do processo de avaliação passa por rever as últimas investigações, com o objetivo de encontrar as prioridades mais urgentes em matéria de conservação.
Recentemente, o grupo organizou um workshop para avaliar de forma oficial o estado da conservação de todas as espécies analisadas. Os dados recolhidos permitem atualizar a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, disponível na internet. Nesta lista constam 44 espécies em perigo, sendo 38 de forma crítica, enquanto outras 23 encontram-se vulneráveis. Desde que se realizou o workshop anterior, em julho de 2012, registou-se um aumento de 12 espécies ameaçadas.
A IUCN também tem vindo a implementar um "plano de ação para os lémures", numa tentativa de salvar estes animais. Para já, é preciso proteger os habitats onde grande parte das espécies ameaçadas vivem e combater o problema através do ecoturismo, no sentido de convencer as pessoas a não dependerem da caça ilegal a estes animais.
"As pessoas que gostam de lémures precisam de gritar sobre estes problemas e espalhar a mensagem lá fora. Quando publicámos o plano de ação dos lémures, que mereceu a atenção dos media, passámos a receber chamadas de pessoas para oferecer ajuda, para doar dinheiro ou outros recursos. E isso realmente pode fazer a diferença", contou o professor Schwitzer.