Saturno está a perder os anéis

Dados recolhidos pelas missões Voyager, no início dos anos 1980, confirmados por novas observações feitas pela sonda Cassini, dão aos anéis uma "esperança de vida" de 100 milhões de anos, diz a NASA
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Os anéis de Saturno, que fazem deste planeta um dos mais emblemáticos do sistema solar, estão a desaparecer a um ritmo que confirma "o pior cenário" projetado pelas observações realizadas pelas sondas Voyager 1 e 2 no início da década de 1980. A informação foi avançada pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA), segundo a qual os anéis estão a ser atraídos para a atmosfera pela gravidade, sob a forma de pequenas partículas de gelo.

"Estimamos que esta 'chuva de anéis' esteja a extrair uma quantidade de produtos de água que chegaria para encher uma piscina olímipica em menos de meia hora", disse James O'Donoghue, do Centro de Voo Goddard, da NASA, em Greenbelt, Maryland. "Tendo em conta apenas esta informação, todo o sistema de anéis poderá ter desaparecido em 300 milhões de anos, mas se juntarmos a isso o material dos anéis que a sonda Cassini detetou a cair no equador de Saturno, os anéis poderão ter menos de cem milhões de anos de vida".

Cem milhões de anos poderá parecer ainda um longo período de tempo mas, como recordou o investigador, é um prazo "relativamente curto tendo em conta a idade do planeta, superior a quatro mil milhões de anos". E a "rapidez" com que o processo se está a desenrolar leva os cientistas a acreditarem que os anéis não se formaram com o planeta, tendo sido causados por algum acontecimento - ocorrido também ao longo dos últimos cem milhões de anos - como a colisão de pequenas luas de gelo que existiriam na órbita de Saturno.

A confirmar-se esta teoria, a humanidade poderá considerar-se privilegiada por ter coexistido com os anéis que fazem daquele planeta uma das joias do sistema solar. Por outro lado, lembrou o investigador, é provável que não tenhamos estado cá para testemunhar fenómenos semelhantes noutros planetas: "Se os anéis são temporários, talvez tenhamos perdido a oportunidade de ver gigantescos sistemas de anéis em Júpiter, Urano e Neptuno, que hoje têm apenas finas 'anilhas'.

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