Facebook multado em cinco mil milhões de dólares pelo escândalo Cambridge Analytica

A coima tem agora de ser aprovada pelo departamento de Justiça, que em situações semelhantes confirmou sempre o pedido.
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As autoridades norte-americanas vão multar o Facebook em cinco mil milhões de dólares por ter quebrado as regras de proteção de dados pessoais no que ficou conhecido como o escândalo empresa Cambridge Analytica.

O regulador FTC (Federal Trade Commission), que abriu uma investigação há mais de um ano à violação dos termos acordados sobre a gestão dos dados dos utilizadores, aprovou a coima mais elevada que já atribuiu a uma empresa de tecnologia, esta sexta-feira.

Embora, a FTC se tenha recusado a comentar o resultado da votação, de acordo com o jornal norte-americano New York Times, a decisão foi apoiada pelos republicanos e contrariada por democratas, que queriam um valor mais alto. O deputado democrata David Cicilline afirmou que a coima era pequena para os lucros da empresa, que tem uma receita trimestral que ronda os 15 mil milhões de dólares. Fica a faltar apenas a confirmação do Departamento de Justiça, que historicamente não tem impedido a aplicação das multas aprovadas pelo regulador.

"É uma quantia considerável de dinheiro e estabelece uma linha para os Googles, Microsofts, Apples e Twitters do mundo", disse o ex-diretor do departamento de proteção do consumidor da FTC, David Vladeck, citado pelo The Washington Post .

Já Matt Stoller, do Instituto de Mercados Abertos, considera que "isto não é uma multa. É um favor ao Facebook". O preço das ações da rede social subiram 1% depois do anúncio da multa.

Em outubro do ano passado, o Facebook já tinha sido multado no Reino Unido em 560 milhões de euros pelo mesmo motivo. A coima recém-aprovada, e já esperada pela rede social, é a maior alguma vez aplicada a uma empresa de tecnologia pelo regulador norte-americano. Resta saber se serão aplicadas medidas adicionais à empresa de Mark Zuckerberg.

Umas das maiores crises da história do Facebook

O escândalo Cambridge Analytical​​​​​​ atingiu a empresa norte-americana em março do ano passado, quando foi descoberto que a consultora britânica (que fechou portas no mês de maio seguinte) usou uma aplicação para recolher milhões de dados de contas do Facebook - utilizados na campanha presidencial de Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2016.

Foram utilizadas indevidamente dados pessoais de mais 87 milhões de utilizadores da rede social, quebrando o acordo que o Facebook fez com estes, e que foi intermediado pela FTC, em 2011, sobre a proteção de dados. Em Portugal, devem ter sido usados de dados de 63 mil utilizadores, de acordo com a informação avançada pelo próprio Facebook.

A Cambridge Analytica desenvolveu uma aplicação de teste que recolhia as informações de quem a instalava e do circulo de amigos dessa pessoa. A partir destas informações a empresa criou perfis falsos para passar mensagens políticas.

Desde então, o Facebook anunciou que vai passar a investigar todas as aplicações com acesso a grandes quantidades de dados antes da alteração de regras em 2014. E restringir o acesso dos programadores das mesmas para evitar abusos. Afirmam ainda ter reduzido a quantidade de dados pedidos quando o utilizador entra numa app e passaram a informar os utilizadores da rede sobre as novas ferramentas, dando oportunidade de confirmar ou revogar permissões.

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