A doença dos "veados zombies" está a propagar-se nos EUA
Uma infeção parecida com a doença das vacas loucas está a atacar os veados em explorações agrícolas dos EUA. É uma doença infecciosa que pode transformar o cérebro de um veado ou alce num "queijo suíço", dizem os cientistas.
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA diz que é uma doença degenerativa e que já foi detetada em 24 estados norte-americanos.
Os cientistas acreditam que a doença provavelmente se espalhe entre os animais através de fluidos corporais como fezes, saliva, sangue ou urina. Seja através de contacto direto ou indiretamente por meio da contaminação ambiental do solo (alimentos ou água).
Conhecida como doença debilitante crónica, a doença neurodegenerativa progressiva fatal foi identificada pela primeira vez na década de 1960. Como a vaca louca, a doença é transmitida por priões, as proteínas patogénicas semelhantes a zombies, que não estão vivas e não podem ser mortas. Quando infetam um animal, comem o seu cérebro, causando sintomas que se assemelham à demência e que pode levar à morte.
"O que temos visto nas últimas décadas é que a doença está a espalhar-se lentamente nas populações de veados selvagens", disse ao site norte-americano VOX Peter Larsen, professor assistente de ciências veterinárias da Universidade de Minnesota. E está a afetar veados, alces e renas em cativeiro, que são transportados por todos os EUA e, também para o estrangeiro, nomeadamente para zoológicos e explorações agrícolas.
"Foi assim que a doença acabou na Coreia do Sul", salientou Larsen, acrescentando: "Foi, ainda, identificada no Canadá e na Noruega. Quando os novos surtos começam, são praticamente impossíveis de conter porque, ao contrário dos vírus e das bactérias, os priões não podem ser mortos. Também não há uma boa maneira de encontrá-los. Estamos a falar de um agente patogénico assassino indestrutível e que pode estar à espreita em qualquer lugar".
Uma das questões analisada pelos investigadores tem sido se a doença se pode propagar aos humanos, como aconteceu com a infeção das vacas loucas, que nos humanos é conhecida por uma variante da doença de Creutzfeldt-Jakob. Mas não há evidências diretas de doença humana, mesmo em pessoas que comiam carne e deram positivo para os priões patogénicos. Ainda assim, a hipótese está a ser estudada, nomeadamente por Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Políticas de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, EUA.