Há cinco ciclones em simultâneo no Atlântico. É a segunda vez na história que acontece
Todos os anos, por volta desta altura coincidindo com o final do verão, os meteorologistas começam a estudar como será a temporada de tempestades e furacões que vão afetar sobretudo regiões da América do Norte e do Caribe. E as previsões são algo alarmantes, pois foram detetados no Oceano Atlântico cinco ciclones tropicais simultaneamente ativos
A última e única vez que um fenómeno destes aconteceu aconteceu foi em 1971, quando o mesmo número de tempestades tropicais foi registada no Atlântico ao mesmo tempo.
De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, os furacões em causa são o Paulette, o Sally, as tempestades tropicais Teddy e Vicky e a depressão tropical René (que desaparecerá nas próximas horas).
Enquanto o furacão Paulette passa pelas Bahamas, o Sally está prestes a entrar nos Estados Unidos, entre os estados de Louisiana e do Mississippi.
"Não há uma resposta única para este fenómeno. O que temos aqui é a soma de muitos fatores que coincidem para produzir estas cinco tempestades tropicais ao mesmo tempo", disse à BBC o meteorologista Jim Dale, da British Weather Services.
Jim Dale, autor do livro Weather or Not, realça que a causa deste fenómeno não é apenas o aquecimento global. "Existiu também em 1971, quando o aquecimento global mal era conhecido e falado. Por isso devemos sempre levar em consideração os outros elementos que fazem parte da formação dos furacões", disse, acrescentando: "Este ano tem sido tão incomum, com tantas tempestades tropicais, que os nomes na lista para os nomear estão a esgotar-se. Resta apenas um, o Wilfred."
De acordo com alguns cientistas, existem vários fatores na base da formação dos ciclones tropicais - alguns depois transformam-se em furacões ou tempestades tropicais.
Pode depender "do aquecimento da água, das áreas de baixa pressão em águas quentes, da direção dos ventos, da absorção dos ventos quentes e frios que lhe dão velocidade, entre outros fatores", resumiu Dale.
Mas para o meteorologista, este ano há dois fenómenos que podem ter influenciado o elevado número de ciclones tropicais. "A influência da 'La Niña', a corrente no Pacífico e, claro, o aumento das temperaturas oceânicas que afetou algumas áreas do Atlântico, especialmente na costa oeste da África, onde a maioria desses ciclones teve início. São fatores capazes de influenciar este fenómeno histórico", afirma.
Os cinco ciclones podem seguir em direções diferentes, tanto nos Estados Unidos como em algumas ilhas do Caribe. Mas de acordo com Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, a passagem do furacão Paulette pelas Bahamas "pode colocar a vida das pessoas em perigo".
Esta alerta junta-se ao do furacão Sally, que entraria nos Estados Unidos ao longo da costa sul e que já levou o Centro Nacional de Furacões a pedir uma observação cuidadosa não só da sua rota, mas principalmente no efeito dos ventos nas áreas por onde vai passar.
O Centro Nacional de Furacões, contudo, observou que as tempestades tropicais Teddy e Vicky e a depressão tropical René, no seu estado atual, não representam um grande perigo. "É preciso ter em atenção que tradicionalmente as temporadas de furacões trazem três grandes furacões. Ainda estamos em setembro e já temos pelo menos oito em 2020", observou Dale.