Explosão de ondas de rádio na Via Láctea pode ajudar a resolver mistério cósmico
Astrofísicos detetaram uma explosão de ondas de rádio no nosso sistema solar e identificaram a sua origem. Referem que este fenómeno emitiu "em um milésimo de segundo a mesma energia em ondas de rádio que o Sol emite durante 30 segundos".
Uma equipa de astrofísicos detetou uma explosão de ondas de rádio cósmicas no nosso sistema solar e identificou a sua origem, de acordo com um estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature e que lança uma nova luz sobre um dos mistérios do Universo.
A origem de potentes rajadas de ondas de rádio rápidas, na sigla em inglês FRB (Fast Radio Burst) - flashes intensos de emissão de rádio que duram apenas alguns milésimos de segundos - intrigam os cientistas desde que foram detetados pela primeira vez, há pouco mais de uma década.
Desde que foram detetadas, em 2007, os cientistas tentam encontrar uma explicação para a ocorrência das explosões destas ondas eletromagnéticas.
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São tipicamente extragalácticas, o que significa que tem origem fora da nossa galáxia, mas a 28 de abril deste ano vários telescópios detetaram uma FRB brilhante no interior da nossa Via Láctea.
É importante ressaltar que os investigadores também foram capazes de localizar a fonte: Galactic magnetar SGR 1935 + 2154.
Os magnetares - jovens estrelas de neutrões que são os objetos mais magnéticos do universo -, há muito tempo que são os principais suspeitos na procura pela origem destas frequências de rádio misteriosos.
Esta descoberta marca a primeira vez em que os cientistas foram capazes de rastrear diretamente o sinal proveniente de um magnetar.
Christopher Bochenek, que fez parte de uma das equipas que detetou a explosão, disse que o FRB detetado emitiu "em um milésimo de segundo a mesma energia em ondas de rádio que o Sol emite durante 30 segundos".
"É a primeira explosão rápida de rádio que atribuímos a um objeto conhecido", disse Christopher Bochenek, astrofísico do US Caltech Institute.
Disse que a explosão foi "tão brilhante", tão poderosa, que podia, teoricamente, ser detetada num receptor de telemóvel depois de cruzar metade da galáxia, uma viagem que durou 30 mil anos, acrescentou.
A descoberta é fruto de um esforço internacional, incluindo o telescópio canadiano CHIME, a pequena rede americana de estações de rádio STARE2 e o radiotelescópio chinês FAST.
Os dados deste último, cujo estudo foi conduzido pelo Dr. Bing Zhang, da Universidade de Las Vegas, também serviram para entender melhor como funciona um magnetar, uma estrela nascida da implosão de uma estrela.
Além do seu forte campo magnético, estes objetos são conhecidos por produzir explosões de raios gama (GRB), que são as explosões de mais alta energia conhecidas no universo. A equipe do Dr. Bing detetou que o magnetar emitiu 29, quase ao mesmo tempo que o FRB.
Para Bing, uma hipótese "prudente" é que todas as rajadas rápidas de ondas de rádio no Universo são emitidas por magnetares. Uma teoria partilhada por Daniele Michilli, uma astrofísica e membro do CHIME, que disse ter "detetado várias centenas de FRBs" e que os estava a "analisar" para confirmar a sua origem.