Estudo alerta para substâncias perigosas no organismo devido a embalagens
Em Portugal, participaram 10 pessoas, entre as quais André Silva, do PAN, José Sá Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, e Francisco Ferreira, presidente da Zero.
Análises a 52 pessoas de vários países europeus, incluindo Portugal, detetaram entre 18 e 23 substâncias químicas perigosas no organismo, resultantes da utilização de embalagens alimentares descartáveis, especialmente de plástico.
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De acordo com os resultados do estudo, divulgados esta quinta-feira, foram rastreadas (em análises à urina) 28 substâncias químicas e em cada uma das amostras foram encontradas entre 18 e 23 substâncias perigosas.
O estudo foi feito em seis países e em Portugal participaram 10 pessoas, entre as quais o deputado do PAN André Silva, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes, jornalista da TSF Fernando Alves e o presidente da Zero Francisco Ferreira. Em todos os países o objetivo foi avaliar a presença no corpo humano de substâncias químicas potencialmente perigosas, em resultado da utilização quotidiana de embalagens, em particular as embalagens alimentares.
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Segundo os resultados do estudo, divulgados pela associação ambientalista Zero, que participou na iniciativa, as variações entre os países (Bélgica, Bulgária, Letónia, Eslovénia e Espanha, além de Portugal) não foi significativa, "o que indica que o contacto quotidiano com estas substâncias acontece um pouco por toda a Europa, sendo transversal à geografia, profissão, idade, entre outras variáveis", diz a Zero em comunicado.
"É urgente reduzir o uso de opções descartáveis"
As análises centraram-se na avaliação da presença de químicos que podem ser encontrados nas embalagens descartáveis de alimentos, como os ftalatos e os fenóis. Os dois são associados, por estudos científicos, a doenças como o cancro ou doenças cardiovasculares e terão impactos negativos também nos sistemas reprodutivo e imunitário, salienta a associação.
"Estes resultados são mais uma prova de como as embalagens e os produtos que consumimos e usamos quotidianamente, introduzem substâncias químicas estranhas ao nosso corpo, que a ciência tem vindo a demonstrar serem potenciais riscos para a nossa saúde e para o ambiente. É urgente reduzir o uso de opções descartáveis e apostar em materiais seguros e circulares", alerta Susana Fonseca, da direção da Zero, citada no comunicado.
O projeto resultou de uma parceria dentro da rede europeia "Zero Waste Europe", que agrega 31 membros de 24 países e que tem como objetivo liderar a transição para uma Europa sem resíduos.
As organizações envolvidas chamam a atenção para os potenciais problemas para a saúde humana decorrentes do atual modelo de produção e consumo e pedem que seja revista a legislação aplicável aos materiais para contacto com os alimentos.
Retalhistas e marcas devem também mudar para alternativas mais seguras e os consumidores devem fazer escolhas mais saudáveis, apelam também as organizações.
A Zero recorda o alerta de cientistas em março deste ano (no chamado "Consensus Statement") para os milhares de substâncias químicas usadas em embalagens alimentares e outros materiais para contacto com alimentos, sendo que muitas dessas substâncias conseguem migrar das embalagens para os alimentos, pelo que o seu uso continuado dever ser entendido como um risco para a saúde humana.
Em consequência do alerta mais de 230 organizações não governamentais de todo o mundo pediram aos decisores políticos para tomarem ações urgentes.
No início do ano a Comissão Europeia comprometeu-se a propor a revisão da legislação sobre os materiais para contacto com os alimentos até ao fim de 2022.