Esquizofrenia, canábis e álcool aceleram envelhecimento cerebral
O consumo excessivo de canábis corresponde a 2,8 anos de envelhecimento acelerado do cérebro, enquanto o abuso de álcool acelera 0,6 anos o processo normal de envelhecimento cerebral. Estas são algumas das conclusões de um dos maiores estudos feitos com base em imagens cerebrais, cujas conclusões foram publicadas recentemente no IOS Press. Da lista de comportamentos e doenças que aceleram o envelhecimento fazem parte, ainda, a esquizofrenia, o défice de atenção e hiperatividade e o transtorno bipolar.
Conduzido por investigadores do grupo Amen Clinics (de Costa Mesa, na Califórnia), da Google, da Universidade John's Hopkins, da Universidade da Califórnia e de Los Angeles, o estudo permitiu analisar 62 454 tomografias computadorizadas por emissão de fotão único ao cérebro de mais de 30 000 indivíduos com idades compreendidas entre os nove meses e os 105 anos. O objetivo, lê-se no IOS Press, era investigar os fatores que conduzem ao envelhecimento precoce do cérebro.
"Com base num dos maiores estudos de imagens cerebrais já realizado, conseguimos detetar doenças e comportamentos comuns que envelhecem prematuramente o cérebro. Um melhor tratamento desses distúrbios pode retardar ou mesmo travar o processo de envelhecimento cerebral", diz Daniel G. Amen, psiquiatra e principal autor do estudo.
Relativamente à canábis, o também fundador do grupo Amen Clinics diz que "a descoberta foi especialmente importante, já que na nossa cultura a marijuana está a ser vista como uma substância inócua".
No âmbito da investigação, foram analisados exames de pacientes da clínica, para perceber de que forma os distúrbios estavam associados a um envelhecimento acelerado do cérebro. Para isso, os investigadores estudaram 128 regiões cerebrais e compararam a idade real dos pacientes com aquela que era indicada pelos exames, para chegarem à diferença.
Entre os vários distúrbios e comportamentos, a esquizofrenia foi aquela que foi associada a um envelhecimento mais rápido do cérebro (quatro anos), seguindo-se o consumo excessivo de canábis (2.8 anos), o transtorno bipolar (1.6 anos), o défice de atenção e hiperatividade (1.4 anos) e o abuso de álcool (0.6 anos).
Um dado curioso, dizem os investigadores, foi não existir uma relação entre a depressão e o aceleramento do processo de envelhecimento.