Emergência climática. Cientistas mundiais alertam para "sofrimento incalculável"
É um novo alerta que se faz ouvir bem alto. E, desta vez, é a comunidade científica que levanta a voz para "acordar" a humanidade em defesa do ambiente. Vivemos num estado de emergência climática e é preciso aumentar os esforços para combater as alterações climáticas de modo a evitar um "sofrimento incalculável".
Quem avisa são os mais de 11 mil cientistas de 153 países que subscreveram um artigo no qual destacam a urgência de tomar medidas perante aquilo que confirmam ser a emergência climática que o planeta Terra está a viver.
É uma verdadeira Aliança dos Cientistas do Mundo, como se lê no documento. Mas não se ficam pelo alerta. Propõem medidas concretas em seis etapas de modo a evitar consequências catastróficas.
No artigo, que é no fundo uma carta aberta publicada na revista BioScience, é referido que "as alterações climáticas estão a evoluir mais depressa do que muitos cientistas esperavam".
"Declaramos, clara e inequivocamente, que o planeta Terra está a enfrentar uma emergência climática", afirmam os mais de 11 mil signatários do documento.
Os especialistas avisam que é preciso um substancial aumento nos esforços para evitar o "sofrimento incalculável" que a humanidade pode enfrentar caso não haja uma mudança do estilo de vida.
"Para garantir um futuro sustentável, temos de mudar a maneira como vivemos", lê-se no artigo. E a mudança pode começar a surgir com a resposta à declaração e aviso dos cientistas de que estamos atualmente a viver um estado de emergência climática.
Dizem ter a "obrigação moral" de "alertar a humanidade para ameaças existenciais" e, nesse sentido, consideram que a mudança de estilo de vida "implica grandes transformações na forma como nossa sociedade global funciona e interage com os ecossistemas naturais".
"Estamos a fase de transição, na qual os governos e os que estão no poder querem ser vistos a fazer a coisa certa, mas sem investirem ou apoiarem" a mudança, lamenta à Euronews Jennifer Rudd, da Universidade Swansea. "Não estamos a ver nenhuma ação radical", critica.
A carta aberta tem como base dados científicos publicados há 40 anos, entre os quais estão informações sobre o uso de energia, a temperatura, o crescimento populacional, as emissões de carbono e o desmatamento. Dados que foram estabelecidos na Conferência Mundial do Clima, realizada em Genebra, em 1979, quando estiveram reunidos cientistas de 50 países.
"Apesar dos 40 anos de grandes negociações globais, continuamos a viver como se nada fosse e não estamos a conseguir resolver esta crise", disse o professor de ecologia William Ripple, da Universidade do Oregon e coautor principal do artigo.
Perante este cenário, os 11 mil cientistas propõem medidas para evitar consequências catastróficas devido às alterações climáticas.
Estas são algumas das ações concretas que sugerem:
- A "substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis de baixo carbono e outras fontes de energia mais limpas", que sejam seguras para as pessoas e meio ambiente.
- A redução de emissões de "poluentes climátcos de curta duração, como o metano e hidrofluorcarbonetos"
- "Reduzir o desmatamento e restaurar e proteger ecossistemas" como as florestas.
- Sugerem que a nossa alimentação seja "à base de plantas", que se reduza o consumo de "produtos de origem animal" e apelam para uma redução do desperdício alimentar.
- Deve ser "rapidamente reduzida" a "extração excessiva de materiais e a superexploração de ecossistemas impulsionadas pelo crescimento económico"
- Defendem ainda a estabilização da população global "e, idealmente, reduzida gradualmente", recorrendo "a abordagens que garantam justiça social e económica".
Os 11 mil cientistas estão "prontos" para ajudar os responsáveis pelas tomadas de decisões na "transição justa para um futuro sustentável e equitativo".
Acreditam que as perspetivas de um futuro sustentável são melhores se os tomadores de decisões e toda a humanidade responderem a este aviso e declaração de que estamos a viver num estado de emergência climática, no fundo a "agirem para preservar a vida no planeta Terra, o nosso único lar".