De 1 a 5, qual o risco de contrair o vírus em diversas atividades do dia-a-dia?
Qual o risco de contrair covid-19 ao ir ao médico, às compras, voltar ao trabalho, visitar um idoso, cortar o cabelo ou ir a um restaurante? A agência Reuters pediu a especialistas para classificarem o risco de cada atividade, de 1 a 5, com 1 a significar nível mais baixo de risco e 5 o nível mais alto.
Em termos gerais, "as atividades de maior risco são aquelas que são feitas dentro de casa, com pouca ventilação, muitas pessoas durante longos períodos de tempo", identificou Ryan Malosh, investigador da Universidade de Michigan. "As atividades de menor risco são ao ar livre, com amplo espaço para a distância social, poucas pessoas fora do seu agregado familiar e por períodos de tempo mais curtos", acrescentou.
Segundo Jared Baeten, da Universidade de Washington, "as pessoas estão a adiar tanto as consultas de rotina como as urgentes". "Mas ir ao médico neste momento é uma das atividades mais seguras que se podem fazer porque os protocolos de rastreio do pessoal, salas de espera e acesso às salas de espera são rigorosos em todo o lado", frisou.
Para Marybeth Sexton, da Universidade de Emory, "as pessoas (devem) usar máscaras quando não estão a comer, trazer álcool-gel para as mãos e usá-lo antes de comer, manter sempre que possível uma distância de 1,80 metros entre si e não partilhar alimentos ou bebidas". "Tudo o que envolva um contacto mais próximo ou partilha de alimentos, em especial qualquer tipo de buffet, aumenta o risco", alertou.
Segundo Marybeth Sexton, "se envolver crianças mais velhas que compreendem a importância do afastamento durante a pandemia, o número de crianças for pequeno e o tipo de atividade não envolver contacto físico direto, é provável que [o risco] seja um dois". Porém, "se envolver crianças pequenas, o nível de risco pode aumentar para um quatro ou cinco".
No entender de Jared Baeten, o nível de risco é dois se cada pessoa "entrar e sair com um plano e todas as pessoas estiverem de máscara".
Para Barun Mathema, da Universidade de Columbia, "os locais de trabalho podem optar por horários em dias alternados para evitar grandes aglomerações nos espaços físicos". "Devem assegurar-se de que os empregados sabem identificar os seus sintomas e encorajar as pessoas a fazerem testes serológicos", acrescentou.
Segundo Richard Jackson, da Universidade da Califórnia, "o risco é maior para a pessoa idosa, especialmente se a pessoa que for fazer a visita não cumprir o distanciamento. "Há benefícios (psicológicos) para jovens e idosos, se ambos estiverem bem. Use máscaras, lave as mãos e mantenha distância", aconselha o especialista.
Jared Beaten é de opinião semelhante: "Se não tiver estado em contacto com mais ninguém e não tiver sintomas, visitar familiares mais velhos pode ser muito benéfico. Se tiver contacto com um número restrito de pessoas, pode visitar um familiar mais velho, de preferência no exterior e com máscara."
De acordo com Richard Jackson, "se a pessoa que cortar o cabelo não tiver sintomas e usar máscara, assim como o cliente, o risco é baixo". "Mas se o profissional estiver a espirrar ou a tossir, afaste-se", alerta.
No entender Marybeth Sexton, "comer no exterior é menos arriscado do que comer no interior de um restaurante devido ao maior fluxo de ar". "Os níveis de risco, quer para as esplanadas quer para os restaurantes, dependem de com quem se está (se o agregado familiar ou outras pessoas), do quão próximas estão as mesas, de quantas pessoas estão presentes no restaurante e se os empregados e cozinheiros estão com máscara", conclui.
Para Jackson, "para adultos com distanciamento físico [o nível de risco] é provavelmente um dois". No entanto, o especialista aconselha a não "deixar entrar pessoas que pareçam doentes". "Pode ser confrangedor mandar pessoas embora, e é bom deixar isso bem claro quando fazemos convide. Se alguém na festa tiver sintomas, [o nível de risco] é quatro", acrescentou.
Richard Jackson diz que "caminhadas, desporto, refeições em grupo, fogueiras, beliches, artesanato e canto são importantes para a experiência do campo de férias e são efetivamente formas de propagar o vírus". "É essencial que quem gere o campo leve muito a sério a prevenção e o controlo da doença", alerta.
Já Jared Beaten apela ao cumprimento das regras: "Os campos que seguem todas as regras - pequenos grupos e actividades no exterior - são um [risco de nível] três. Os acampamentos com muitas crianças e sem rastreio são um [risco de nível] quatro e só não são um [risco de nível] cinco porque as crianças têm um risco muito baixo de ficarem doentes com este vírus. Mas os funcionários estão em risco."
"Normalmente é uma coisa que as pessoas são obrigadas a fazer se forem trabalhadores essenciais e precisarem de ganhar a vida, especialmente em áreas urbanas. Eu usaria luvas, máscara e lavaria as mãos", diz Richard Jackson. "Evitar carruagens muito cheias e abrir as janelas dos autocarros, se possível", acrescenta, como algumas recomendações para minimizar o risco.